EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


segunda-feira, 31 de dezembro de 2018


Seis horas da tarde aqui, meio-dia lá. Os sinos badalam profusamente. Tenho muitas casas, mas a única que vibra é a casa dentro de mim. 


Último dia do ano e eu aqui. Brasil. Ontem à noite, fomos atrás das luzes. Voltaremos hoje. Somos duas insistentes persistentes. A vida é bonita quando sorvida. Comprei um baby “Brut Rose Chandon”, com a minha irmã, para hoje, e mais uma torta doce e outra salgada. Comprei café e bombons para presentear quando eu retornar. Hoje, cumpro o hoje. Um brinde a mim e à vida! 2019 será compacto, forte, viril e novo. 

domingo, 30 de dezembro de 2018

De que adianta

De que adianta trocar de parceiro, casar de novo,  ficar rico, fazer sucesso, mudar de casa, de profissão, mudar de planeta... se você não se muda...

sábado, 29 de dezembro de 2018


A meteorologista falou, “ Previsão do clima para amanhã: Sol forte, calor e pancadas.”


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

2018 agoniza.



Aprendi a não fazer força contra. A melhor solução ou cura é tomar ou fazer tomar o veneno de forma homeopática. Nesse caminho vez ou outra aparecem os mágicos para nos ajudar. Sim, há pessoas mágicas e algumas possuem o dom de quebrar encantos tristes. 

Coluna ereta, cabeça vazia, firmeza na posição, voz baixa, voz baixa...

Esperei muito para gritar vitória. Esperei décadas. Ganhei quando aprendi a vencer-me. 

A chuva canta para os meus ouvidos. 


Talvez eu goste de diários. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

2019 soa-me fantástico!



Quero o que ainda não conheci. Quero o novo. Quero o que não vi, mas que agora posso ver. Quero o concreto de um abstrato sonhado, embalado. Sou ainda nova. Maduros são apenas meus caminhos, como as árvores velhas nos ladrilhos encerados. Posso rodopiar, girar, posso voltar a dançar! 

Ouço a chuva batendo nos telhados das casas vizinhas e os trovões. É bom estar em casa novamente. Lavo-me. Esqueço. Sonho acordada com o homem da fotografia. Quero meus dias melhores. Quero o novo, o que não conheci. Falar palavras novas. 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018


Morosamente se vai... nesta tarde quente, ao som de um ventilador e das três cadelas se coçando, resmungando e às vezes latindo... olhamo-nos, elas e eu, pensamos em brisa, mar, sorvete, qualquer coisa gelada.

Não me lembrava mais deste verão tropical...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Miniconto de dezembro


Ela: Você é ele? 
Ele: Sim. Sou ele. 
Sorriram.





Para você, carinhosamente.

 Foram frases, rápidas, mentirosas, mas fortes, felinas, ferinas... largadas para mim e eternizadas para nós. Desce pequena tristeza na lembrança que os ventos deixam... Voltam quando bem querem. Voltaram de ontem para hoje, voltaram há três anos, dois, um... fazem aniversário. 

Você atravessou canais, encostas, mares e ruas estreitas, atravessou o mundo.

Você só não pode matá-las, aquelas palavras. Em mim. 

É preciso deixar algumas ofensas adormecerem em nosso cofre-forte, embora não seja fácil..

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

terça-feira, 18 de dezembro de 2018


Disseram-me que 2019 será o ano de Ogum, o ano da sentença. Aguardo-o ansiosamente. Fiz a minha parte, e assim canta Ivan Lins,

“Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza...

Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo foi concebido...

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah Eu!
Usei todos os sentidos...”

Não vivi da boca para fora. Não fui covarde. Tive coragem todos os dias por mais que isso exigisse certo esforço. Não fugi. Isso porque não sou nada demais, sou mais uma neste mundo enorme. Cumpro o meu destino com simplicidade. Caço-me e encontro-me em mim mesma, de forma incessante. Sou tudo o que devo cuidar. Não preciso percorrer o mundo todo para encontrar-me, basta eu desfocar meus olhos do meu Ego e estender as mãos para os outros, para o amor e para a realidade. A vida toda boa não existe. Desconfio das pessoas que estão sempre perdidas e confusas. Desconfio de tudo que é da boca para fora. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018


As fibras dos meus músculos, os nervos, as cavidades das teias dos nódulos 
Aquela incontida ânsia
Atropelos cardíacos
Infinitos desjuntes...

Mais nada.
Sou silêncio puro.
Querido, aquela outra morreu.

Dezembro, 17

500 queixas contra o mesmo homem. E tem gente que ainda duvida.

Tudo o que espero de mim é que eu seja madura, adulta, tranquila diante dos fatos presentes e quase futuros em respeito a tudo que vivi. Tenho certo contato distante com pessoas imaturas, quase adolescentes, que têm a mesma idade que eu. Não há mais em mim espaços para cutucadas ou alfinetadas discretas e não sei o que querem dizer quando dizem que se eu tiver algo a reclamar que eu diga na cara. Quando eu tinha treze anos, e as minhas amigas também, recebi uma lição delas, e bastou uma única vez para eu aprender. Eu tinha o hábito de me pendurar nos ombros delas, reclamando cansaço, enquanto caminhávamos nas ruas de Ponte Nova. Tínhamos treze anos. Entende por que não entendo e não aceito imaturidades? O tempo passou, caramba! Se seus pais ou suas colegas não a ensinaram, não será eu, com certeza.

Cutuca-me porque não pode comigo e tenta vencer-me. Óh, lástima!

Quero mesmo é a tranquilidade que alcancei. Ser madura, isso soa lindo! Não combina atitude adolescente em um corpo gordo e enrugado. Um tempo atrás, um cara numa caminhonete enorme me deu uma fechada no trânsito e depois ficou me encarando. Não sei bem o que ele queria, mas eu botei a minha língua para fora, para ele, e ele se envergonhou todo. Foi imaturo, eu sei. Por charme, ainda tenho meus rompantes raros e rápidos. Não aquela coisa sebosa de ficar torrando o saco do outro.

Tudo o que espero de mim é uma certa fleugma diante de tudo nesta vida. Espero continuar me perfumando, tratando da minha pele e da minha saúde, rindo bastante como sempre fiz, viajando, escrevendo, bebendo um cálice de licor de laranja... 

Hoje, o que mais combina comigo é a leveza, mesmo que em um corpo cansado e velho. Eu vivi intensamente todas as minhas idades. Preenchi minha alma com histórias para serem lembradas, mas delas nem me lembro... essa vida de hoje me apraz.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018


Leva-se tempo para ajeitar as coisas, qualquer coisa, a nós mesmos, o amor, tudo! Quem é o bobo de acreditar na pressa contemporânea? Redes sociais, um mar revolto de notícias, a cotação do dólar, a pressa das pessoas e o ser vivo ainda gastando tempo para mastigar! Eu não compro essa ideia de que o mundo atual tem pressa. Leva-se tempo para organizar coisas e sentimentos, para fazer um filho, para digerir as derrotas e também para aceitar o sucesso. Há muita gente por aí que não percebe que venceu, que mudou, que deseja... dizendo justamente o contrário. Da boca pra fora. Sim. Muita gente vivendo da boca para fora. Por dentro, o processo físico continua o mesmo. Nada mudou. 

Tédio. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018


Estas luzes coloridas de dezembro e esta chuva fina, estas poças d’água... lembram-me a minha avó e a sua cidade, Caratinga, em nossos inesquecíveis natais...

Você tem vó? Aproveita-a. As avós se vão...

Às 4h da tarde, Belo Horizonte é uma cidade clara, agitada, estressada, cujo trânsito caótico pode prejudicar a saúde mental de qualquer um. Normalmente, faz calor, mesmo que chova. Raramente faz frio às 4h da tarde...
Às 4h da tarde, Long Beach é uma cidade cinza, sossegada e calma. Faz frio e silêncio. Hoje, eu pude ouvir as vozes dos ventos do norte. Ocupo-me ouvindo o tempo passar lentamente. Sorrio com isso. Dezembro se vai, manhoso...

Faço compras para o Natal. Preparo minhas malas de viagem. Aprumo meu corpo cansado. Sinto-me a caminho de um retiro...

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Poema de Antonio Zamagna.


Meu coração

Abrir meu coração, não ouso,
porque sei que às vezes, como hoje,
ele nada pode dizer do outro (como tu)
que já repousa dentro de mim.

Ele não acumula verdades,
só sabe engendrar enigmas
que espalha pelos sete ares
para atrair incautos (como tu), 
para tecer linhas e entrelinhas
de todas as minhas paixões
e de minhas futuras ilusões.

Meu coração é que é (como tu)
dono do que posso ou não viver.

*** Tuca Zamagna

domingo, 9 de dezembro de 2018


E eu que amava vírgulas passei a evitá-las. Gosto de frases em único fôlego. Diminuí também as entreaspas... a letra em itálico, o negrito. Não me importo mais na perfeita combinação, sutiã e calcinha, fronha e lençol, o esmalte das unhas dos pés e o das mãos. Falo menos. Nunca telefono, exceção à minha mãe. Corto meu cabelo no máximo duas vezes por ano. Esqueço compromissos e listas. Se não anotar, voa. Esqueço os casacos no meu carro e coisas pela casa como nunca antes esqueci. Às vezes, saio à rua sem escovar os dentes, sem maquiagem e descabelada. Às vezes, saio de pijamas com um trench coat em cima.

Graças a Deus, mudei. E você? 

Seus três pontinhos seriam seus vazios? 

Ou você espera que venha alguém que os preencha? 

Amanhã, quem sabe, eu fale sobre isso. Passei a viver em interrupções. 

sábado, 8 de dezembro de 2018


Encarou-me várias vezes para afirmar nos meus olhos, não tenho medo de você, não tenho medo de você... para, na semana seguinte, borrar as calças. Ah, os homens me fazem rir! 

Pisou toda a terra, aplaudido e reverenciado, mas não pisa uma única só. Ah, ai do homem!

Enquadrinho-os. Refestelo-me no sofá, sorrindo. O mundo me fascina e me fazem rir os homens. Deve ser por isso que Deus deu à mulher o poder da concepção. Meninos medrosos. 

Zelda dizia que sempre tem alguém pagando a conta de alguém...


"Não é preguiça. É uma paz interior." Maria do Socorro


Dez anos!


Em dez dias, levantarei um voo solitário, eu comigo mesma, a minha melhor companhia. Terei tempo para vislumbrar a porta dos últimos dez anos fechada. A porta das minhas vitórias porque até quando eu perdia, eu estava ganhando. Cumpri meu trato feito silenciosamente através dos meus atos. Fiz a minha parte. Não fui omissa, não negligenciei, não idolatrei deuses de mentira. Fui atrás das minhas certezas, mesmo que isso ofendesse alguém. Cedi mais vezes do que eu queria. Cobrei de mim mesma com diligência e amor. Amei. Amei. Amei. Fui brava e rebelde, surtei. Xinguei muito. Ameacei. Cumpri ameaças. Continuei a menina de sempre, cheia de críticas e com pensamento reto. Fui doce com quem mereceu a minha doçura. Afastei-me das pessoas que só reclamam e debocham porque não sabem dar cabo de seus próprios destinos. Dez anos vitoriosos. Moro onde alguns passeiam. Continuo sorrindo. Sou um brinquedo de Deus, mas ser brinquedo dEle é honroso e bom. Continuo Suzana. Não me vendi. Não me enganei. Não me perdi. Sou genuinamente feliz. Dez anos, mãe, obrigada!

Se você não é doente, a tristeza da sua vida é culpa sua.



Os primeiros dois meses da minha filha nos Estados Unidos - fotografia, março de 2009.

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(picture by Suzana Guimarães)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


“Mi vida loca” estava escrito no braço da caixa do supermercado.

Comentei sorrindo a tatuagem. Ela agradeceu, disse que todos da família tinham a mesma tatuagem...

Pensei, e eu. Nas entranhas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018


Sonhei um mesmo sonho duas vezes. Eu era cega e tentava abrir os olhos para enxergar. As pálpebras pesadas não se abriam... e isso era dolorido, agonizante. 

O que não quero enxergar? 

Gosto daqui. Via telefone celular, eles nos avisam que há perigo ou de fato inundações...
Chove o dia todo, desde ontem. 
Gosto.
Esse tempo combina comigo. 

Já não sou mais um sol ardente. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018


No inverno chove. Faz silêncio na casa. Faz frio. Aquecedor central queimou. Não sei como ligar a lareira à gás. Ainda engatinho nessa casa. Gosto. Tenho todo o tempo do mundo. Sei quando as coisas são para muito tempo. Faz tempo quieto. Há panos brancos no varal. Tenho varais. Só falta dizer que tenho um cão. Faço torradas, cozinho ovos enquanto masco nuts. Faz tempo infinito em mim. Faço listas. Tenho um anjo. Amanhã é um segredo.

Dez anos se passaram. Tempo exato profetizado por ela, a minha mãe. Eu não sei como eu consegui largar tudo para trás e recomeçar num país estranho com duas crianças. Não sei. Ela previu uma década. Eu considerei muito, imaginei cinco anos. Esses anos acumularam-se em uma única memória de tudo vivido, aglutinado. Uma porta se fecha e eu só vejo a porta. Assim ficou a única memória, tampada pela porta concreta. Fácil é voar. Difícil é sustentar uma família em suas próprias pernas e isso desenha-se assim: alarmes diversos para não esquecer, comida, remédios, reuniões, buscas. Mudanças, o entrave da língua, o novo mundo. Outros amigos. Outros desejos. A solidão. Os problemas. Alegrias, sim, claro, mas o cuidado na dose... excessos podem aniquilar. As surpresas. Os acertos e desacertos. Uma história. Quatro.

O silêncio da casa é a extensão da minha alma. Chove. Sou feliz porque sou forte. Sou anja. Amanhã não será surpresa.

Adolescência só combina com adolescentes. Em adultos é chato e cansa.




terça-feira, 4 de dezembro de 2018


Procurando um talão de cheques novinho. Melhor cancelar. Detesto procurar coisas... Não aconselho ninguém a mudar muito de casa. Leva-se ano para assentar a cabeça, as coisas e os lugares.

domingo, 2 de dezembro de 2018


Engordei oito quilos e não estou feliz por isso, por isso, diga-se, porque sou feliz de nascença. Engordei após passar por uma cirurgia que poderia me deixar assim. Eu deveria ter me controlado mais na alimentação e voltado a me exercitar, mas nada fiz e agora me vejo gorda e chateada com esse fato. Uma atriz brasileira, em um programa de televisão, desabafa sobre a tristeza de ter se casado gorda, branca e de branco porque estava grávida e não podia fazer dieta. Eu a compreendo. Ela falou dela, desabafou. Mas vem o esquadrão do que é certo e errado e reage agressivamente, dizendo que ela é gordofóbica.

O mundo está muito chato!

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Retorno

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(arquivo de Suzana Guimarães)


Retorno sempre como se retorna à casa dos pais. Assim como retorna o faminto onde tem algum pão, mesmo que partido e esmigalhado. Volto. Volto com olhar de espera. Como se espera na fila do hospital, na hora da hóstia, no caminho estreito debaixo da cidade velha, na esperança de se encontrar luz. Cegos não veem, mas sabem para onde ir. Volto para olhar de novo. Volto como se retorna à cidade da infância, à escola mais querida, ao retrato velho.

Volto porque quero. Volto cego sem desejo de leitura, enlace sem união, corpo sem tempo. Volto. Volto sem desejo de prece, sem palavras, compromisso, diálogo, sem dolo, somente volto, assim como volta o pássaro para casa ao fim da tarde, sem pensamento, sem canto. 

Suzana Guimarães

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Falando sobre hirestectomia...


Há um ano e um mês, exatamente isso, eu passei por uma hirestectomia. Li muito antes, durante e depois sobre essa cirurgia, mas não cheguei nem perto do que é a realidade. Eu tão já acostumada com emergências em hospitais, com a rotina do pré, durante e pós... eu tão certa da minha força para lidar com minhas mazelas... eu tão eu sendo Suzana... vejo-me, toco-me, sinto-me outra. Até quando, meu Deus? Meu corpo não funciona mais como antes, embora não sinta mais enxaquecas, dores de cabeça e cólicas, embora a minha pele esteja bonita. A carência dos hormônios que perdi com a cirurgia é a ordem dos meus dias. Não tenho libido, engordei oito quilos, não tenho força e disposição. Ainda tenho suores, embora os remédios e os suplementos vitamínicos que tomo diariamente. Ainda não consegui fazer uma alimentação equilibrada. Ainda não voltei. Estou no planeta Marte! Caminho para me ajudar, mas longe estou daquela que lutava jiu jitsu. 

E os dias se vão...

Ajudo-me, ajudo-me pela manhã, tarde e noite. Salvo-me. Ah, se as pessoas soubessem como estou me sentindo... 

Amanhã, estarei melhor. Espero. Vou viajar. Vou para a América do Sul. Vou ver minha mãe. Onde está a minha mãe? 

segunda-feira, 26 de novembro de 2018


Permito-me olhar a Lua. Ouvir o silêncio da casa. Observar o avião que corta o céu em luz. A paz me quer. Aguo as plantas. Sou mais um. Não me deixei para trás. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2018


Tire férias em casa. Seja a onda que volta para avançar. Volte.
Dê-se o perdão.
Dê-se a companhia dos seus.
Não se autoflagele, já nos bastam os castigos da vida.
Recomece.
Ou basta mesmo continuar,
O arranjo está bom.
Respire.
Reconsidere.
A vida mais bela é a nossa, intrínseca.
Outro dia, volte.
Sempre haverá amanhãs. 

terça-feira, 20 de novembro de 2018


Estou envelhecendo ou talvez seja apenas porque é final de ano... porque o tempo nublou, porque eu cansei, porque este ano foi estranho, parecendo ter mil dias... não sei. Porque estou envelhecendo. Ponto. Às 19h, tomei um banho quente, vesti uma roupa macia, deitei-me no sofá e liguei a televisão. Sensação de plenitude. O corpo envelhecido saúda meu coração que parecia nunca ficar velho. 

Amanhã, pintarei minhas unhas, farei compras para o almoço de Thanksgiving, comprarei flores e vinho. Amanhã, hoje, não.

Democracia para muitos só existe se o seu candidato vencer.

sábado, 17 de novembro de 2018


O jornalista árabe residente nos US, assasinado no consulado árabe na Turquia, deixou um presentão para o príncipe saudita. Hehehe! Fiquei fã do cara! Pena que ele morreu. É melhor espião que os quinze espiões que o mataram.

Das coisas para se falar: não era para acontecer, não era a hora e também sobre o tempo que lhe é ofertado e se vai como areia entre seus dedos porque você não soube ou não quis a oportunidade  agarrar. E então passados estão a cor, o dourado, o auge da flor; passados estão o frenesi, o calor.

É claro que perdemos momentos ótimos, pessoas interessantes, histórias para se contar e lembrar!

E o que se foi não retorna...

Das coisas para se esquecer: pessoas que interceptam meu caminho para nada! Melhor nele nem cruzar! Deixa-me! Meu caminho é meu porto seguro. Eu sempre acreditei nele. Não tumultua, não faz agravo, não tenta ser o que não consegue...

Os corvos da Califórnia fazem melhor que você! Cumprem seus papéis graciosamente para comigo. Eu também vim para ser agraciada, se isso você não percebe...

Ah, enfastio!

Se não pode ser assim como os corvos que admiro... que seja nada! 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018


Não fico feliz com desemprego de ninguém.

Eu queria saber o que foi que nós nos revelamos, eu a você, você a mim...

Eu o vi sentado, andando, falando e sorrindo na televisão. Com certeza, somos bem menos que aquilo tudo que hoje me faz rir. 

Somos bem menos. Somos quietude. Domingos insossos, segundas-feiras estranguladas nos tédios, terças-feiras raivosas, espumantes... mas quietude. Somos bem menos.

Eu queria saber o que foi que nós nos revelamos...

Talvez madrugadas.

Preciso falar o óbvio porque tem gente que não vê ou nem sabe. Uma questão de estar atento. Sou distraída, mas atenta ao intrínseco.

Eu não sou troféu de ninguém e ninguém é meu troféu. Eu sou Suzana e as pessoas com as quais me relaciono são elas em seus nomes lindos e próprios, Roberto, Luís, as Ana’s... Maria, os nomes de anjos... são tantos...


Por mais que eu tenha vencido ou feito vencer, por mais que tenhamos vencido, não sou troféu de ninguém e ninguém é meu troféu.

terça-feira, 13 de novembro de 2018


Está vendo este meu cabelo vermelho? É seu deserto. Estar em todos os lugares é estar em lugar nenhum. Escolhe um. Assenta-se. Para tudo nesta vida há o começar, o pelejar e o fim. Tentativas de sustentar o insustentável é o caminho para o sem fim. Não gosto das coisas forçosas. Já nem sabe mais para onde ir! Essa tonteira vai encontrar um velho louco a lamentar. 

O vento sopra e não importa se é prisão ou campo aberto. O vento sopra porque é livre. Não importa onde e como. O vento sopra. O vento passa.

Está vendo este meu cabelo vermelho?






Pode até dar errado depois, mas eu acredito muito nos encontros que dão certo na primeira vez, primeiro dia, primeiras palavras, primeiro cumprimento, primeiro olhar.

Sem chances de felicidades quando não existiu essa primeira vez.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018


O que se ganha matando pessoas por nada? 
Ser humano é doente.

Quando estou parada no semáforo vermelho, na frente da faixa de pedestres, pergunto-me o que sentem aquelas pessoas que atropelam outras de propósito porque eu sinto amor por elas que passam, sem conhecê-las, sinto compaixão, carinho, respeito. Algumas lembram-me meus filhos, meus pais, antigos amigos; todas me remetem à minha própria humanidade.

terça-feira, 6 de novembro de 2018


Em algum momento de hoje, este ar de outono levou-me para trás - eu sei, nunca mais seremos aqueles dois, o deus tempo nos poliu -, e eu me vi olhando o mar, pensando no que corria por baixo de suas águas... você dizia, mexa a mão nas águas turvas...

De turvo, tem nada! 

É novembro. Vou ter meu canto nalguma cidade minúscula, onde não passa nada, nem trem, nem avião, muito menos um carteiro. Vou respirar o ar bem assim, profundamente - só para ver você assim, respirando profusamente...

Sem luz, bastaria a de querosene. Sem muita comida, estou gordinha. Sem telefone.

Vou ter meu canto. 

Quero ver você passar. Quero ver você voltar. 

Ah, pintarei meus cabelos de vermelho - para lembrar você de seu deserto.

A alma é leve porque o corpo pesa.


segunda-feira, 5 de novembro de 2018


Conheci homens de vinte e cinco anos com mentalidade de homens de cinquenta e conheci homens de cinquenta anos com mentalidade de quinze anos.

sábado, 3 de novembro de 2018


A paz não é um sujeito franzino, apagado e fraco. 
É a dona das cartas na mesa quando é a sua vez. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O sonho disse-me: tempo de reconciliação.



Todo braço de rio me conduz ao mar. Sempre volto. É quase Natal, é quase Ano Novo. Todo braço de rio me conduz a você. Passa vida, passa, só não passa você. Ano que vem, serei outra. O mar é minha herança sagrada do coração. É para ele que me volto, que me levo...

Todo braço de rio é cegueira. 

Visão é te amar. 

A palavra juiz não tem acento. 
A palavra juízes tem. 

Já que tal palavra está em uso constante... vamos escrevê-la corretamente. É tolice? Não. A nossa língua não pode morrer, faz parte de nós, nos substancia. 

Obrigada.
De nada!
O fato é: não considero pessoa alguma, principalmente eu mesma, santa ou demônia de vez. Separo bem as coisas ruins das coisas boas. Não consigo ver pessoa alguma com idolatria.

Por isso, pessoas podem não entender meus posicionamentos ou podem pensar que tenho duas caras. 

Lula é apenas um homem de carne e osso. Não é santo, nem capeta e nem ideia. 

Nem Jesus Cristo quis ser endeusado.

Só tenho várias caras nas fotografias do meu Facebook.

Já não choro mais. Não tenho tempo. A última vez foi de saudades antecipadas, ao despedir da minha mãe, na porta da sua casa, antes de entrar no táxi que me levaria ao aeroporto. Se choro, quando choro, é por ela. Não tenho tempo? Já não choro mais por ninguém, além dela, nem por mim, por qualquer coisa, nem por nada. Já chorei por nada, só por sentir alguma coisa linda e inexplicável, uma emoção, um contentamento passageiro ou mesmo pelos descontentamentos. 

Não choro. Meu rosto pode se tornar um bloco de gelo, ou pedra, posso sentir ira ou dor, mas não choro. A última vez que chorei por mim foi há um ano, em outubro, chorei diante do inevitável de mais uma cirurgia. Chorei. Me fiz forte, porém. Acredito que se eu chorar agora serei mais forte ainda, mas nem isso eu quero. 

Eu não quero mais chorar. Eu não consigo. Chorar é uma emoção que dispensei. 

Não tenho tempo? Talvez não veja mais serventia, talvez isso. 


Novembro, 2


Era setembro...

Pelo meio da madrugada, ele acalmava e dormia. Eu então espiava a rua por um palmo de mão que ficava aberta a janela de correr. Via a igreja na parte mais alta do bairro de Santa Teresa. Via a noite. Como ela deve ser vista. Como tudo tem que ser visto, vendo. Transpondo o que se mostra no primeiro enxergar. As noites são lindas! E, por isso, eu escrevia, porque havia lindeza em mim. Havia lindeza em passar horas e horas acordada, cuidando dele. Naqueles dias, ali era o melhor lugar para se estar, dentro daquele hospital. E eu sabia disso, apesar do cansaço e da dúvida. Sinto saudades, muitas. Ele me chamava, "Menina, menina...". Eu respondia, "Não diga menina, diga Suzana, foi você quem me deu esse nome" e ria. Quando chegava bem perto e olhava-o, ele não tinha muito a dizer, ele só queria saber. Vivíamos.

Por Suzana Guimarães



Publicação original: no blog e no Facebook em setembro de 2014.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018


Passei por enorme decepção, caí - eta, tombão! -, mas estou novamente em pé, na guarda, na trilha, satisfeita, feliz e orgulhosa de mim. Erro bem menos que meus “amigos “...

Já não me caibo de tanta euforia! ☺️


Se eu morrer amanhã, saiba, eu fui feliz.



Prefiro o exagero à escassez, então, por isso, não estou me importando com os excessos políticos dos meus amigos, conhecidos e colegas. E, também, parei de brincar de ser Deus há muito tempo. Ser Deus é um exagero insuportável de viver.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018


Não tenho necessidade de afirmação. Não preciso conquistar para descartar. Não preciso repetir frases prontas para convencer-me. Não preciso botar viseiras para fingir que minha trajetória é linda.

Outubro, ontem foi ótimo.  

terça-feira, 23 de outubro de 2018

De certo, temos o nascimento e a morte. Entre os dois, temos as dívidas contraídas.



Eu não gosto de ser descartada, se for, que seja com educação. Não admito que pessoas entrem na minha vida sem gestos de boa educação e caráter, então, quero o mesmo quando elas se forem. Mas, a gente comete erros nesta vida e sofre pelos erros alheios, isso é fato, e é inevitável. O que pensamos ser brilho é apenas lusco-fusco. Daí, sofremos com o descaso do outro. Ah, estou assim, a sofrer! Vai passar, é claro! Mas, dói.

Reencontrei um colega de sala do passado. Ele se aproximou, fez festa para mim, conquistou-me - algo que ele nunca conseguiu fazer em anos de colégios, aproximou-se, falou, segredou, se abriu... como nunca havia feito antes. Pensei que esta vida tinha encanto, sim! O tempo não havia nos tornado monstros! Não éramos estranhos, éramos colegas, eternos. Desencantada no meu mundo de amizades, eu o recebi com meus olhos em chama, reaprendi a sorrir de coisa boba, voltei a acreditar na singeleza das doações. Eram tantas! Poemas, palavras, conselhos... atenção. 

Um dia, do nada, ele se foi e bloqueou-me em todas as redes sociais, sem que tenha havido um desentendimento. 

Ó, Deus! Sopra um vento bom para mim, pois eu me sinto nas chamas da ira! 

Ó, Deus! Quem suporta ser descartado? Quem suporta falta de consideração? Quem gosta de ser ludibriado?

Talvez fosse pouco, mas eu sou de sonhos pequenos... as minhas grandes realizações não nasceram de sonhos, nasceram do meu passo no caminho. Só meus sonhos são pequenos. Mas são meus.

E eu não gosto de ser descartada... 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018



Dizem que não devemos esperar nada de ninguém porque podemos nos decepcionar. Como é viver assim? Como é viver com esse controle, com essa evitação? Como é que eu faço para evitar me decepcionar, quebrar a cara? 

Seria não me doar ou doar-me parcialmente? Seria mentir pouco ou muito? Seria atrair para depois matar o sentimento na raiz? Seria negar-me? Como se faz isso? 

Eu já tenho muitas regras a seguir, teria eu que estipular novas ao contactar alguém? 

Quero morrer decepcionada, Deus, deixa-me seguir assim, como estou hoje, profundamente decepcionada, chocada e triste com quem eu jamais pensei em decepcionar-me.

Prefiro essa tristeza a morrer seca e dura; robótica.

Graças a Deus não sofro de idolatria.


sábado, 20 de outubro de 2018


Muitas palavras, muito blá-blá-blá. Menos generosidades. Menos delicadeza. 
As pessoas podem ser rudes falando docemente.
Muito blá-blá-blá. Bastante sofrimento.
As pessoas ferem ao tampar suas feridas. 

E a gente que se dane.

A nova casa tem grilos. Ouço-os. As noites já estão frias, já é outono, já é outubro. Esse ano poderia acabar agora, nesses dias calmos, cheirando a jasmim. Há pés de jasmim na vizinhança. Todo o bairro acolhe-me, e me conduz à cidade do meu pai. Não vivo de recordações, essas apenas chegam a mim de forma doce, tranquila, sem sobressaltos.

Vivo meu presente hoje. Posso respirá-lo. Esse ano foi de atitudes rápidas, ano de determinação, muitas idas e vindas, muito cansaço, mas ano em que me mantive leve e elegante.

Agora é tempo de desnudar os pés, rir dos enganos, disfarçar as decepções, respirar os ares do meu novo lar! Enfim, após cinco meses, posso prestar atenção no som que os grilos fazem.

Meu pai sempre dizia para repararmos os sons dos pássaros, dos sapos, o balanço das folhas das árvores, as estrelas no céu... Para ele, era forma de relaxamento, e é, hoje percebo isso com clareza.

As coisas ruins que tentaram criar corpo perderam-se no caminho. Sou a guardiã dos meus sonhos, dos meus passos e decido ouvir os sons da paz. A paz corre atrás de mim, deseja-me, busca-me...

Um tempo florido apresenta-se. Sou toda sons!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018


Maturidade emocional, poucas pessoas têm. Dinheiro não a compra, nem sucesso, nem a mais perfeita das famílias. Maturidade emocional só se ganha de um jeito: vivendo intensamente e de verdade.

O carro tem que correr quase solto...

quarta-feira, 17 de outubro de 2018


O que há de mais charmoso na Califórnia são as pessoas em suas bicicletas. Chapéus, flores na cestinha, cachecóis, lenços ao vento, roupas coloridas, displicência nas avenidas, o mundo é delas!

Eu as vejo e sorrio feliz. Ontem, mandaram-me ser feliz. Eu sou, eu não estou, mas ser feliz e estar feliz não seria redundância. Pareço triste porque sou só e escrevo... pareço. 

Desculpe-me se você não entende que eu só quero que você seja feliz porque você faz esforço... felicidade não decorre de esforço, é sentimento. Não é o troféu que você carrega e ostenta. É o que você sente por nada.

Você consegue ser feliz por nada?

Para viver um grande amor é preciso ser honesto consigo mesmo e com o outro. Já nem sei mais se vivi um grande amor. O que sei mesmo é que nos finais das tardes eu penso fortemente que já cuidei de jardins e novamente cuido, trato, aguo... tenho medo de repetir aquela história; tenho medo de seguir o mesmo curso. 

O fogo não é para mim, ó Pai!

A minha filha disse-me que não sou ninguém e ninguém sou eu. 

Conselho a quem vive no obscuro: mantenha-se longe de mim porque sou transparente e comigo tudo é às claras.

Novamente com dor de garganta. Novamente deixei de falar algo importante, mas eu não tenho ideia do que seja, se soubesse gritaria. Nenhum segredo é melhor que essa ardência na garganta...

Novamente, fui mal interpretada. 
Novamente, deixaram-me falando sozinha.
Novamente, usaram a minha preciosa energia e se foram, ingratos.

Seduzo os homens sem a intenção, embora eu sinta prazer ao vê-los seduzidos. Se ficaram seduzidos, e isso for um problema, não diz respeito a mim; é problema deles. Eles se aproximam babando e eu é que sou a culpada pela baba?

Outro dia, eu li que foi Adão quem pegou a maçã da árvore e mentiu ter sido a Eva. Concordo.

Outubro que se vai, lento, lento... igual ao meu coração batendo hoje.


terça-feira, 16 de outubro de 2018


Tenho um sentimento de que quem insiste em convencer na realidade não crê no que demonstra acreditar, por isso repete, repete, que nem fazemos um dia antes da prova.

Não, o tempo não cura tudo
Isto é vã ilusão 
Há coisas para as quais
Nem todas as preces
Recitadas em bocas de barro 
Nem todos os joelhos
Dobrados, calejados
Trarão absolvição

[Andrea de Godoy Neto]

domingo, 14 de outubro de 2018


A pessoa vai saindo das minhas veias, do meu corpo, vai sendo expurgada, cuspida, desengasgada. O movimento dos dedos no teclado é o mesmo que o do chicote do padre no demônio assanhado atrás das minhas saias.

Vou escrevendo e vou expurgando. Amanhã, renascida estarei.



Ele tinha algo de chato. Ele acreditava que excesso de formalismo fosse coisa adequada. Parece que ninguém disse a ele que isso é coisa chata, principalmente entre velhos conhecidos. Daí, por eu nunca ter dito para ele parar com aquela chatice, eu tratei de arregalar bem os olhos a fim de sugar daquele homem suas melhores qualidades e energias.

Sim, um cara chato, com lindas qualidades.

Eu só quis ser legal, apresentar um mundo sem chatos, mas ele depois de dizer sim disse não e bloqueou nossos contatos através de uma pasta chata, amarfanhada de dinheiro e sucesso, bem passadas, a pasta, as notas, assim de acordo com os bons costumes e as tradições constantemente achatadas na porta de frente da casa.

Eu, por pouco, não fico chata igual.

Por várias vezes, recebi cartas pelos Correios com cheques em valores abaixo de cinquenta centavos (fifty cents). Eram devoluções de quantias pagas a mais. A folha de cheque, o selo e o envelope custam bem mais caro que esses trocados, mas o certo é o certo sem discussão.

Ser honesto não passa de obrigação; falam como se fosse uma dádiva dos céus de qualidade santa.


Meu voto é um presente meu; meu, daqui de tão longe e feliz.



Nos últimos anos, eu fui livrando-me de pessoas perfeitas... Livrei-me de irmão perfeito, prima perfeita, amigos e homens perfeitos; casais perfeitos, professores perfeitos... fui livrando-me.
Mas, como eles caem no meu terreno! Logo, eu, tão errada e imperfeita! Tenho um blog onde me assumo ex-fóbica, não publico fotos falsas de casal lindo nos perfis das redes sociais, dou ouvidos ao charme masculino, sim, dou, e isso me faz rir! Sou a ira, o mau gosto, a sem paciência... fujo da pose de serena como o capeta de Deus. Fujo de conceitos, de codinomes, de palavras de amor eterno. Odeio amiga de infância! Detesto beijos no coração!

Tão errada e tão cercada de perfeitos!

Nos últimos anos, venho descobrindo que ser igual a mim é necessidade nesse mundo lindo por fora e fedido por dentro.

Amém! Que a imperfeição seja meu lume e meu melhor aroma!

- Mãe, moleques são apenas os meninos?
- Não, minha filha, os moleques envelhecem. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Já não me importa tudo


Já não me importa ouvir 'nãos'e vivenciar omissões, dirigir qualquer carro, empacotar minhas coisas, doar grande parte, desfazer-me. Já não me importa não entender o que falam, o que pensam, nem as minhas cicatrizes pelo corpo - as da alma estão transparentes! 

Posso ir a qualquer lugar, mesmo que eu esteja levemente tonta, levemente cansada, já posso usar qualquer banheiro público, e conversar até com quem só fala chinês. Aprendi isso quando aprendi que tenho três bolinhas vermelhas caminhando na mente, e, a cada hora, cada olhada, é a vez de uma, e não das três ao mesmo tempo.

Já não me importa o assédio amoroso, pesco dele o que irá me trazer satisfação e nada mais.

Já não me importa não gostarem de mim, não me darem atenção, eu sou uma verdadeira festa; autônoma.

Já não me importa onde moro, o que ganho, pois, eu já perdi muito e tive muito medo, agora, vivo em cima deste ser que me criei. 

Já não me importa qualquer julgamento seu; eu já me julguei e me absolvi faz tempo...


e até isso não tem importância.



Outubro, 11