EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


segunda-feira, 31 de dezembro de 2018


Seis horas da tarde aqui, meio-dia lá. Os sinos badalam profusamente. Tenho muitas casas, mas a única que vibra é a casa dentro de mim. 


Último dia do ano e eu aqui. Brasil. Ontem à noite, fomos atrás das luzes. Voltaremos hoje. Somos duas insistentes persistentes. A vida é bonita quando sorvida. Comprei um baby “Brut Rose Chandon”, com a minha irmã, para hoje, e mais uma torta doce e outra salgada. Comprei café e bombons para presentear quando eu retornar. Hoje, cumpro o hoje. Um brinde a mim e à vida! 2019 será compacto, forte, viril e novo. 

domingo, 30 de dezembro de 2018

De que adianta

De que adianta trocar de parceiro, casar de novo,  ficar rico, fazer sucesso, mudar de casa, de profissão, mudar de planeta... se você não se muda...

sábado, 29 de dezembro de 2018


A meteorologista falou, “ Previsão do clima para amanhã: Sol forte, calor e pancadas.”


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

2018 agoniza.



Aprendi a não fazer força contra. A melhor solução ou cura é tomar ou fazer tomar o veneno de forma homeopática. Nesse caminho vez ou outra aparecem os mágicos para nos ajudar. Sim, há pessoas mágicas e algumas possuem o dom de quebrar encantos tristes. 

Coluna ereta, cabeça vazia, firmeza na posição, voz baixa, voz baixa...

Esperei muito para gritar vitória. Esperei décadas. Ganhei quando aprendi a vencer-me. 

A chuva canta para os meus ouvidos. 


Talvez eu goste de diários. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

2019 soa-me fantástico!



Quero o que ainda não conheci. Quero o novo. Quero o que não vi, mas que agora posso ver. Quero o concreto de um abstrato sonhado, embalado. Sou ainda nova. Maduros são apenas meus caminhos, como as árvores velhas nos ladrilhos encerados. Posso rodopiar, girar, posso voltar a dançar! 

Ouço a chuva batendo nos telhados das casas vizinhas e os trovões. É bom estar em casa novamente. Lavo-me. Esqueço. Sonho acordada com o homem da fotografia. Quero meus dias melhores. Quero o novo, o que não conheci. Falar palavras novas. 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018


Morosamente se vai... nesta tarde quente, ao som de um ventilador e das três cadelas se coçando, resmungando e às vezes latindo... olhamo-nos, elas e eu, pensamos em brisa, mar, sorvete, qualquer coisa gelada.

Não me lembrava mais deste verão tropical...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Miniconto de dezembro


Ela: Você é ele? 
Ele: Sim. Sou ele. 
Sorriram.





Para você, carinhosamente.

 Foram frases, rápidas, mentirosas, mas fortes, felinas, ferinas... largadas para mim e eternizadas para nós. Desce pequena tristeza na lembrança que os ventos deixam... Voltam quando bem querem. Voltaram de ontem para hoje, voltaram há três anos, dois, um... fazem aniversário. 

Você atravessou canais, encostas, mares e ruas estreitas, atravessou o mundo.

Você só não pode matá-las, aquelas palavras. Em mim. 

É preciso deixar algumas ofensas adormecerem em nosso cofre-forte, embora não seja fácil..

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

terça-feira, 18 de dezembro de 2018


Disseram-me que 2019 será o ano de Ogum, o ano da sentença. Aguardo-o ansiosamente. Fiz a minha parte, e assim canta Ivan Lins,

“Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza...

Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo foi concebido...

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah Eu!
Usei todos os sentidos...”

Não vivi da boca para fora. Não fui covarde. Tive coragem todos os dias por mais que isso exigisse certo esforço. Não fugi. Isso porque não sou nada demais, sou mais uma neste mundo enorme. Cumpro o meu destino com simplicidade. Caço-me e encontro-me em mim mesma, de forma incessante. Sou tudo o que devo cuidar. Não preciso percorrer o mundo todo para encontrar-me, basta eu desfocar meus olhos do meu Ego e estender as mãos para os outros, para o amor e para a realidade. A vida toda boa não existe. Desconfio das pessoas que estão sempre perdidas e confusas. Desconfio de tudo que é da boca para fora. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018


As fibras dos meus músculos, os nervos, as cavidades das teias dos nódulos 
Aquela incontida ânsia
Atropelos cardíacos
Infinitos desjuntes...

Mais nada.
Sou silêncio puro.
Querido, aquela outra morreu.

Dezembro, 17

500 queixas contra o mesmo homem. E tem gente que ainda duvida.

Tudo o que espero de mim é que eu seja madura, adulta, tranquila diante dos fatos presentes e quase futuros em respeito a tudo que vivi. Tenho certo contato distante com pessoas imaturas, quase adolescentes, que têm a mesma idade que eu. Não há mais em mim espaços para cutucadas ou alfinetadas discretas e não sei o que querem dizer quando dizem que se eu tiver algo a reclamar que eu diga na cara. Quando eu tinha treze anos, e as minhas amigas também, recebi uma lição delas, e bastou uma única vez para eu aprender. Eu tinha o hábito de me pendurar nos ombros delas, reclamando cansaço, enquanto caminhávamos nas ruas de Ponte Nova. Tínhamos treze anos. Entende por que não entendo e não aceito imaturidades? O tempo passou, caramba! Se seus pais ou suas colegas não a ensinaram, não será eu, com certeza.

Cutuca-me porque não pode comigo e tenta vencer-me. Óh, lástima!

Quero mesmo é a tranquilidade que alcancei. Ser madura, isso soa lindo! Não combina atitude adolescente em um corpo gordo e enrugado. Um tempo atrás, um cara numa caminhonete enorme me deu uma fechada no trânsito e depois ficou me encarando. Não sei bem o que ele queria, mas eu botei a minha língua para fora, para ele, e ele se envergonhou todo. Foi imaturo, eu sei. Por charme, ainda tenho meus rompantes raros e rápidos. Não aquela coisa sebosa de ficar torrando o saco do outro.

Tudo o que espero de mim é uma certa fleugma diante de tudo nesta vida. Espero continuar me perfumando, tratando da minha pele e da minha saúde, rindo bastante como sempre fiz, viajando, escrevendo, bebendo um cálice de licor de laranja... 

Hoje, o que mais combina comigo é a leveza, mesmo que em um corpo cansado e velho. Eu vivi intensamente todas as minhas idades. Preenchi minha alma com histórias para serem lembradas, mas delas nem me lembro... essa vida de hoje me apraz.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018


Leva-se tempo para ajeitar as coisas, qualquer coisa, a nós mesmos, o amor, tudo! Quem é o bobo de acreditar na pressa contemporânea? Redes sociais, um mar revolto de notícias, a cotação do dólar, a pressa das pessoas e o ser vivo ainda gastando tempo para mastigar! Eu não compro essa ideia de que o mundo atual tem pressa. Leva-se tempo para organizar coisas e sentimentos, para fazer um filho, para digerir as derrotas e também para aceitar o sucesso. Há muita gente por aí que não percebe que venceu, que mudou, que deseja... dizendo justamente o contrário. Da boca pra fora. Sim. Muita gente vivendo da boca para fora. Por dentro, o processo físico continua o mesmo. Nada mudou. 

Tédio. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018


Estas luzes coloridas de dezembro e esta chuva fina, estas poças d’água... lembram-me a minha avó e a sua cidade, Caratinga, em nossos inesquecíveis natais...

Você tem vó? Aproveita-a. As avós se vão...

Às 4h da tarde, Belo Horizonte é uma cidade clara, agitada, estressada, cujo trânsito caótico pode prejudicar a saúde mental de qualquer um. Normalmente, faz calor, mesmo que chova. Raramente faz frio às 4h da tarde...
Às 4h da tarde, Long Beach é uma cidade cinza, sossegada e calma. Faz frio e silêncio. Hoje, eu pude ouvir as vozes dos ventos do norte. Ocupo-me ouvindo o tempo passar lentamente. Sorrio com isso. Dezembro se vai, manhoso...

Faço compras para o Natal. Preparo minhas malas de viagem. Aprumo meu corpo cansado. Sinto-me a caminho de um retiro...

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Poema de Antonio Zamagna.


Meu coração

Abrir meu coração, não ouso,
porque sei que às vezes, como hoje,
ele nada pode dizer do outro (como tu)
que já repousa dentro de mim.

Ele não acumula verdades,
só sabe engendrar enigmas
que espalha pelos sete ares
para atrair incautos (como tu), 
para tecer linhas e entrelinhas
de todas as minhas paixões
e de minhas futuras ilusões.

Meu coração é que é (como tu)
dono do que posso ou não viver.

*** Tuca Zamagna

domingo, 9 de dezembro de 2018


E eu que amava vírgulas passei a evitá-las. Gosto de frases em único fôlego. Diminuí também as entreaspas... a letra em itálico, o negrito. Não me importo mais na perfeita combinação, sutiã e calcinha, fronha e lençol, o esmalte das unhas dos pés e o das mãos. Falo menos. Nunca telefono, exceção à minha mãe. Corto meu cabelo no máximo duas vezes por ano. Esqueço compromissos e listas. Se não anotar, voa. Esqueço os casacos no meu carro e coisas pela casa como nunca antes esqueci. Às vezes, saio à rua sem escovar os dentes, sem maquiagem e descabelada. Às vezes, saio de pijamas com um trench coat em cima.

Graças a Deus, mudei. E você? 

Seus três pontinhos seriam seus vazios? 

Ou você espera que venha alguém que os preencha? 

Amanhã, quem sabe, eu fale sobre isso. Passei a viver em interrupções. 

sábado, 8 de dezembro de 2018


Encarou-me várias vezes para afirmar nos meus olhos, não tenho medo de você, não tenho medo de você... para, na semana seguinte, borrar as calças. Ah, os homens me fazem rir! 

Pisou toda a terra, aplaudido e reverenciado, mas não pisa uma única só. Ah, ai do homem!

Enquadrinho-os. Refestelo-me no sofá, sorrindo. O mundo me fascina e me fazem rir os homens. Deve ser por isso que Deus deu à mulher o poder da concepção. Meninos medrosos. 

Zelda dizia que sempre tem alguém pagando a conta de alguém...


"Não é preguiça. É uma paz interior." Maria do Socorro


Dez anos!


Em dez dias, levantarei um voo solitário, eu comigo mesma, a minha melhor companhia. Terei tempo para vislumbrar a porta dos últimos dez anos fechada. A porta das minhas vitórias porque até quando eu perdia, eu estava ganhando. Cumpri meu trato feito silenciosamente através dos meus atos. Fiz a minha parte. Não fui omissa, não negligenciei, não idolatrei deuses de mentira. Fui atrás das minhas certezas, mesmo que isso ofendesse alguém. Cedi mais vezes do que eu queria. Cobrei de mim mesma com diligência e amor. Amei. Amei. Amei. Fui brava e rebelde, surtei. Xinguei muito. Ameacei. Cumpri ameaças. Continuei a menina de sempre, cheia de críticas e com pensamento reto. Fui doce com quem mereceu a minha doçura. Afastei-me das pessoas que só reclamam e debocham porque não sabem dar cabo de seus próprios destinos. Dez anos vitoriosos. Moro onde alguns passeiam. Continuo sorrindo. Sou um brinquedo de Deus, mas ser brinquedo dEle é honroso e bom. Continuo Suzana. Não me vendi. Não me enganei. Não me perdi. Sou genuinamente feliz. Dez anos, mãe, obrigada!

Se você não é doente, a tristeza da sua vida é culpa sua.



Os primeiros dois meses da minha filha nos Estados Unidos - fotografia, março de 2009.

Image may contain: one or more people and shoes
(picture by Suzana Guimarães)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


“Mi vida loca” estava escrito no braço da caixa do supermercado.

Comentei sorrindo a tatuagem. Ela agradeceu, disse que todos da família tinham a mesma tatuagem...

Pensei, e eu. Nas entranhas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018


Sonhei um mesmo sonho duas vezes. Eu era cega e tentava abrir os olhos para enxergar. As pálpebras pesadas não se abriam... e isso era dolorido, agonizante. 

O que não quero enxergar? 

Gosto daqui. Via telefone celular, eles nos avisam que há perigo ou de fato inundações...
Chove o dia todo, desde ontem. 
Gosto.
Esse tempo combina comigo. 

Já não sou mais um sol ardente. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018


No inverno chove. Faz silêncio na casa. Faz frio. Aquecedor central queimou. Não sei como ligar a lareira à gás. Ainda engatinho nessa casa. Gosto. Tenho todo o tempo do mundo. Sei quando as coisas são para muito tempo. Faz tempo quieto. Há panos brancos no varal. Tenho varais. Só falta dizer que tenho um cão. Faço torradas, cozinho ovos enquanto masco nuts. Faz tempo infinito em mim. Faço listas. Tenho um anjo. Amanhã é um segredo.

Dez anos se passaram. Tempo exato profetizado por ela, a minha mãe. Eu não sei como eu consegui largar tudo para trás e recomeçar num país estranho com duas crianças. Não sei. Ela previu uma década. Eu considerei muito, imaginei cinco anos. Esses anos acumularam-se em uma única memória de tudo vivido, aglutinado. Uma porta se fecha e eu só vejo a porta. Assim ficou a única memória, tampada pela porta concreta. Fácil é voar. Difícil é sustentar uma família em suas próprias pernas e isso desenha-se assim: alarmes diversos para não esquecer, comida, remédios, reuniões, buscas. Mudanças, o entrave da língua, o novo mundo. Outros amigos. Outros desejos. A solidão. Os problemas. Alegrias, sim, claro, mas o cuidado na dose... excessos podem aniquilar. As surpresas. Os acertos e desacertos. Uma história. Quatro.

O silêncio da casa é a extensão da minha alma. Chove. Sou feliz porque sou forte. Sou anja. Amanhã não será surpresa.

Adolescência só combina com adolescentes. Em adultos é chato e cansa.




terça-feira, 4 de dezembro de 2018


Procurando um talão de cheques novinho. Melhor cancelar. Detesto procurar coisas... Não aconselho ninguém a mudar muito de casa. Leva-se ano para assentar a cabeça, as coisas e os lugares.

domingo, 2 de dezembro de 2018


Engordei oito quilos e não estou feliz por isso, por isso, diga-se, porque sou feliz de nascença. Engordei após passar por uma cirurgia que poderia me deixar assim. Eu deveria ter me controlado mais na alimentação e voltado a me exercitar, mas nada fiz e agora me vejo gorda e chateada com esse fato. Uma atriz brasileira, em um programa de televisão, desabafa sobre a tristeza de ter se casado gorda, branca e de branco porque estava grávida e não podia fazer dieta. Eu a compreendo. Ela falou dela, desabafou. Mas vem o esquadrão do que é certo e errado e reage agressivamente, dizendo que ela é gordofóbica.

O mundo está muito chato!