EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 30 de março de 2019


Hoje, eu caminhei em flores, papoulas crescidas por conta própria nas montanhas que assim agradeceram as águas dos céus... é disso que eu gosto... sentido de independência e liberdade.

Deve ser triste deletar as fotos do ex. Mais fácil seria apenas virar a página, voltar-se para os capítulos seguintes do livro chamado Vida, contudo mais fácil é não comentar sobre. E deletar. Picar, cortar, queimar, furar as fotografias. E eu pergunto: adianta? Funciona? Vai incinerar as fotos das praias, das festas, das declarações públicas de amor eterno e conseguirá com isso apagar a história? Impossível. Deixa de vergonha. Deixa de pudores falsos. Comenta. Esclareça. Oras, você fez questão de alardear o amor de vocês, então, agora, deixa as fotos e prossiga.

Nem sempre é amor ou amizade. Pode ser simples curiosidade. Então, as pessoas deveriam se aproximar dizendo, "Eu sofro de curiosidade de você". Mais honesto.

segunda-feira, 25 de março de 2019


Assisto à vida. Sentada na fila de trás não sei se o que me diverte é o público ou o filme a que assistimos. Jocoso mar sem fim onde entram todos, os que sabem e os que não sabem nadar ou pensam que sabem. Assisto. Essa é a minha única diversão pois de fato esse mar cansa e essa sala e esse filme. Cansam-me também toda essa gente e meu corpo ora elegante ora frouxo. Alegra-me saber que essa gente se substitui, se move, nasce e morre e, em mim, alguns poucos são eternizados. Assisto. Debocho. Sou também essa brincadeira, esse filme, esse mar, essa sala de diversão; essa gente toda. 

Assisto. Agonizo. Ardo. 

Os filhos nos fazem gente. Largamos aquelas bobagens de tentativas robóticas. 

Não fui salva... por Ewa Lipska.



Não fui salva...
(Ewa Lipska)

 Não fui salva pela inundação
 contudo mais de uma vez toquei o fundo

 Não fui salva pelo incêndio
 contudo ardi durante anos

 Não fui salva pelas catástrofes
 contudo comboios e automóveis passaram por cima de mim

 Não fui salva pelos aviões
 que explodiram no ar comigo a bordo

 Os muros das grandes cidades
 desmoronaram-se sobre mim

 Não fui salva pelos cogumelos venenosos
 nem pelas balas precisas dos pelotões de execução

 Não fui salva pelo fim do mundo
 que não teve tempo de se ocupar de mim

 Nada me salvou

 EU VIVO

sexta-feira, 22 de março de 2019

My backyard


Gosto destas noites frias. Gosto deste silêncio à minha volta, ganhando a casa toda. Há copos-de-leite em uma das laterais; parecem soldados enfileirados, em profunda e costumeira prontidão. Ao fundo tem muro de Olhos-negros-de-Suzana, tem heras. Tem uma árvore que abriga pássaros e abelhas em suas temporadas. Acho que o tomateiro morreu após o último verão. Tem gerânio que insisto em ressuscitar. Tem suculentas e cactos. Espadas-de-são-jorge, também! Tem um pé de jasmim, mas o da vizinha cheira mais. Tem uma moita enorme de Onze-horas, roxa, linda! Tem plantas que desconheço os nomes. Tem eu. 

Sou Eva, carrego a culpa de tudo. No início, isso foi algo chato, triste e que me deixava tombada, ainda mais quando eu nem havia agido. Agora, não me importa quem fala ou que eu tenha realmente feito algo! Aceito toda a culpa. Entendeu? 

A Califórnia tem terremotos por estar localizada sobre a Falha de San Andreas. Eu sei. Eu sempre soube. Em Belo Horizonte, a cidade onde vivi dos catorze aos quarenta e poucos anos, tem tiro na esquina por causa de um tênis ou por nada mesmo, e, em Minas Gerais tem as mineradoras e seus rejeitos que podem aniquilar uma cidade em poucos minutos. Prefiro aqui! 

sábado, 16 de março de 2019


Muitas pessoas pensam que batalhas significam algumas coisas a serem evitadas porque são más. Não é sempre assim. Há batalhas muito boas, imperdíveis, não evitáveis. O nascimento de uma criança é um exemplo.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Felizes Aniversários! Sou feita de pequenas sortes.



Quem diria que um dia eu estaria fazendo ioga no quintal da minha casa no sul da Califórnia...
Ninguém, nem eu. Surpreendente vida! Quando perdi, quando perdia, quando nadava no rio da desolação eu tinha um mundo pequeno e não sabia. 



O caminho de um mundo melhor é feito da cortesia de não magoar coração algum. Não se levante de onde você está se a sua intenção com a outra pessoa é frouxa, anêmica... não porque o universo irá cobrar, mas porque dá nojo sentimento barato. 







quarta-feira, 13 de março de 2019


Melhor que sofrer de amor é vivê-lo. Tem gente que tem mania de chorar amor quebrado. Só mania. Isso só rende alguns poemas nem sempre bons. Melhor é ter a companhia, a agradável presença silenciosa na noite fria ganhando a vida. 

segunda-feira, 11 de março de 2019


Choveu muito em janeiro e fevereiro. Chove também em março. Os poetas falam de chuva como se falassem de lágrimas. Eu, não. Falo de chuvas. Não há metáforas. Água que desce do céu em muito ou pouco volume. Tempestades! Hoje, aqui, choveu em pingos e mesmo assim fui andar. Eu não queria falar sobre isso... Choveu, chove. O passeio está molhado e todo o quintal da casa. 

Vivo assim. Agora sou assim. Aos poucos, quase nada. Já vivi grandes tempestades de vida. Já vivi todas as estações. Já fui atrás de cometas. Hoje, eu respiro e sigo. Sou um ponto no universo. Espero que ele esteja olhando-me. Amanhã é mistério.

sábado, 9 de março de 2019


Se fosse colocada em situação de aprisionamento, eu usaria o meu poder de manipulação que é um escândalo de forte. Apenas nesse caso. Não mais. Que cada um siga seus desejos, suas vontades e assuma-os. O importante não é seguir as próprias ânsias, mas assumi-las. Porque a vida corre, a vida corre... igual a um rio. 

Eu me canso. Eu me canso até a outra batalha.



O que eu tinha para falar, eu já disse.
Repetir não faz sentido.



sexta-feira, 1 de março de 2019


O mínimo que um filho adulto deve fazer para a sua mãe é poupá-la de reclamações. Convida-a para ir ao cinema, para jantar e paga a conta. Cala a boca para comentários desnecessários. Fala de receita de bolos, fala sobre alguma coisa de política, sobre a vida dos famosos, fofocas, qualquer coisa boa ou leve, de preferência, pula as desgraças. Amadureça!