EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


quinta-feira, 23 de junho de 2022

A minha irmã não morreu, ela foi embora. E deixou todas as suas coisas.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Eduardo e Mônica

Por causa do filme Eduardo e Mônica, lembrei-me que já fui a Mônica de um Eduardo. Eu tinha 19, ele, 18. Eu, de Leão, falava coisas sobre magia e meditação. Eu estava no terceiro ano do curso de Direito e ele estava fazendo cursinho para terminar o científico. Eu estudava Inglês, ele pilotava moto e só pensava em trabalhar. Ele morava no fim do mundo de Belo Horizonte, eu, num bairro classe média alta. Ele tinha complexos com nossas diferenças, e, do mesmo jeito manso que entrou na minha vida, saiu. Passei a vida cantando aquela estrofe, "Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal, não aguento mais birita...", mas me esqueci completamente dele, até dias atrás. Naquela época, escrevi um texto e enviei pelos correios porque era aniversário dele, ia fazer dezenove. Assinei Mônica. Ele nunca respondeu, mas dois anos depois, a minha irmã me diz que ligaram perguntando se era da casa da Mônica, e ela disse não, embora soubesse daquela historinha de praia que vivi. Noutra ocasião, aconteceu comigo. Uma mulher perguntava por Mônica, eu respondia que era engano, ela insistia no endereço que tinha e eu continuava negando, falei que era Prado e não Barroca. A gente tinha mudado de endereço, mas o telefone permanecia o mesmo. Daquele texto eu não guardei cópia, nada, nem memória, e também não me lembro sobre o que conversávamos. Tantas pessoas passam por nós e delas a gente esquece, mas nessa em questão ficou a historinha.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Brasileiro não tem um dia de sossego e mortes são tratadas como fatos rotineiros e grande parte delas acontece de forma brutal e por motivos pequenos ou fúteis ou sem motivos. Por isso também eu quis sair do Brasil, porque eu não queria ver meu filho voltando para casa descalço e de cueca quando saísse para um passeio de bicicleta. Mas não adianta sair, o Brasil não sai de mim.

Não é fácil ser brasileiro.

É preciso preservar a meiguice de dentro, o olhar macio ao mundo, o sorriso mesmo que pequeno, leve, asa de pássaro no vento. Talvez essa seja a vitória, o sucesso, no fim das contas.

15/6/2020

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Quanto mais eu vejo um casal declarando amor em rede social, menos eu acredito nele. Quanto mais palavras amorosas e fotinhas, menos acredito. Para mim é auto-afirmação, tentativa de convencer outros ou auto-promoção. Tão estranho na vida, na correria ter a câmera ali pronta, na hora importante, ter tempo para se lembrar da máquina, ajustá-la, verificar se ficou legal, do contrário, repetir. Não me refiro às datas comemorativas, mas sim, aos outros trezentos dias do ano.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Aqui em casa, a gente andava se estranhando, de um lado papis e mamis, e, do outro, nossos rebentos, mas bastou a necessidade bater à porta para a gente se entender. Durante nosso confinamento, LR dirigia a Ana Luísa para o colégio, fazia as compras de supermercado, levava a Merci à rua e a AL cuidava de nós, à distância, mas cuidava. A vida é assim e tem que ser para ser boa.

Junho

sábado, 4 de junho de 2022

"Existe um lugar especial no inferno para mulheres, que não ajudam outras mulheres".

Mulheres que só admiram homens, que só defendem homens, que só elogiam homens, que só ajudam homens... tô fora. Tenho nojo. Quando percebo, quero 🤢

quinta-feira, 2 de junho de 2022

As leis brasileiras são contra longos confinamentos porque os estudos provaram que a prisão não conserta ninguém, mas em certos casos de extrema crueldade quem é que está esperando por regeneração? O destino de criminosos nos casos envolvendo crianças, torturas e estupros deveria ser prisão perpétua sem direito a condicional. Mas, infelizmente, o direito penal brasileiro é para o pobre e negro.
O Brasil deveria acabar com o benefício da prescrição nos crimes dolosos contra a vida. São cometidas falhas nas investigações, exames que não existiam, por exemplo, o de DNA, ajudam a elucidar os casos... investigados somem ou são apadrinhados por gente poderosa... não havendo prescrição a sociedade ficaria mais conformada. Não há como ressuscitar mortos, mas punir assassinos sempre tem bom caimento.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Então, é junho. Meu Deus. A mãe de santo disse, prepara o seu coração. Era janeiro e eu o preparei, mas o mar estava bravo, vieram ondas uma atrás da outra, mal dava tempo de respirar e passei também a não enxergar. Então, todos os meus sonhos se tornaram profecia e eu já não mais queria preparar meu coração, apenas segurava-o e o estendia a Você, senhor de todos os mares.