EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 28 de dezembro de 2013

VAI...


by LRGM

Vai, ano, vai... como essa breve música aos meus ouvidos, 

a sombra que me assusta na jarra de cristal, 

nas miragens que toquei... 

vai, vai... eu muito pedi e quis, agora, vai, completa o próximo, dá sua mão a ele, pois amanhã eu serei a mesma de hoje, 

porém, delicada promessa, pedido concedido, o sonho concebido. 



Dezembro, 28

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Quinze


Acabo de receber a notícia da décima quinta morte ocorrida em 2013, dentre familiares, amigos e conhecidos. Notícia que chega da forma mais simples possível. Alguém chega e conta. E eu conto e eu ainda não havia vivido isso, não me recordo de nada igual. Fico triste, aumenta o meu luto. E há quem pensa que números consolam, não, não consolam, incomodam. 


Dezembro, 26

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

CRITERIOSA


Criteriosa. Acabei de escrever essa palavra. Linda, por sinal! Em 2014, com absoluta certeza, serei bastante criteriosa em relação à amizade. Isso significa, mais chata ainda.

Dezembro, 25

Eu disse que gostava de diários?

sábado, 21 de dezembro de 2013

2013

E este ano há de fazer-se inteiro, de janeiro a dezembro, sem paradas para descanso. E este ano há de se fazer espelho, livro aberto, segredos descobertos. E, passagem.

Eu disse que gostava de diários?

Dezembro, 21

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Do que sinto falta: DAS COISAS ou DOS 'TREM'


1. Guaraná
2. Coxinha de galinha com catupiry
3. Praia com água quente
4. Barzinhos na praia
5. Cheiro e barulho de chuva
6. Cheiro de mato
7. Na cozinha e nos banheiros, ralos
8. Área de serviço
9. Tanque
10. O som da língua
11. Salão de beleza
12. Bem-te-vi
13. Antena 1 FM, no carro
14. Bolinho de bacalhau
15. Todos os doces da Boca do Forno
16. Festas
17. "Parabéns pra você..."
18. Comida baiana
19. Mercado Central de Belo Horizonte
20. Mandioca frita, belisquetes

Suzana Guimarães.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

TRINTA CURIOSIDADES SOBRE MIM



(Suzana Guimarães, arquivo pessoal)



TRINTA CURIOSIDADES SOBRE MIM

Para Fabi Anselmo


1.Eu ia me chamar Letícia. 
2.Não tenho medo da morte.
3.Três homens com nomes começados com a letra J salvaram a minha vida, em três situações distintas.
4.Sempre gostei de olhos claros e nomes italianos, casei-me com um assim, assim.
5.Tive quatro gatos persas.
6.Eu queria saber falar em Francês.
7.Beijava um menino, nos Carnavais em Caratinga, Minas Gerais, a cara do Chico Buarque. Nasci em Caratinga, mas nunca morei lá.
8.Meu sonho de menina era conhecer Katmandu, Nepal.
9.Atualmente, por curiosidade, quem desenha as minhas sobrancelhas, com linha de costurar roupa, são umas nepalesas… talvez, eu esteja no caminho para lá, elas inclusive já me convidaram…
10.Tenho dezoito cortes no corpo.
11.Gosto de comer pão com água.
12.Adoro o nome Ana. Se eu tivesse cinco filhas, as cinco seriam Ana...
13.Vinho, gravidez e sol são meus afrodisíacos.
14.Dirigir acalma-me.
15.Não sei andar de bicicleta, mas sei montar um cavalo, fiz hipismo por três anos.
16.Não sei assoviar.
17.Gosto de sutiã e calcinha da mesma cor.
18.Botas são sexy.
19.Gosto de homem com barba aparada.
20.Não gosto de conversar quando acordo.
21.Gosto das madrugadas.
22.Queria ter um vizinho que estudasse piano.
23.Aprendi a arrumar malas após os 35 anos.
24.Não tenho senso de direção.
25.Só tenho celular porque tenho filhos.
26.Tenho sonhos proféticos desde os 13 anos.
27.Não tenho medo de sentir dor, por isso luto jiu jitsu e faço depilação a laser.
28.Aprendi a nadar aos 30 anos.
29.Tive um cachorro que viveu 17 anos.
30.Não sei dormir sem calcinha.


Nota: Publicado anteriormente em 4 de dezembro de 2013, no Facebook.

domingo, 15 de dezembro de 2013

  • Sabe, Dário Banas, descobri em 2013 que é tolice insistir com certas coisas e pessoas. O que é para ser, o que é, tem força, não fica aos tropeções, parando em desvios, não precisa de muita reza. Percebi também que não sabemos colocar ponto final e que insistimos mesmo sabendo que há algo errado, oculto. Sabe carro com defeito oculto?
  • Suzana Guimarães Carro com defeito oculto, Dário Banas, te deixa na mão inúmeras vezes e ninguém descobre a razão.



Eu disse que gostava de diários?

Dezembro, 15

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


Escrevi sobre o meu terceiro ano na América e também sobre o quarto. Em 20 de janeiro, publicarei o texto sobre os cinco anos. Ele se chamará 'Impagável'. 

Eu quis ser promotora de justiça, eu quis ser juíza, dona de cartório, eu queria ter uma loja, um espaço cultural... eu quis um tanto de coisa, e a vida quis outras. Eu nunca quis conhecer a América, nunca quis ser estrangeira, mas conheci, estou e sou. O nome disso é responsável aventura (eu tenho crianças) e é absolutamente impagável.

Dezembro, 11

terça-feira, 10 de dezembro de 2013


Não digo mais nada, escrevo
Não sinto mais nada, respiro
Tudo que foi, bastou
por isso, se foi.

Um ano todo num único ponto final
numa forma ortodoxa, óbvia demais, burra
de onde escaparam-me pequenos delírios, sobreviventes.

Teimosia, teimosia, teimosia...

Na dor, a cegueira aumenta e a lucidez afasta-se. 
Talvez, quem sabe, eu seja apenas a expectativa de um sussurro ou a grandeza de um jamais despertado idílio, 
sonho dos loucos.
Ou tudo, ou nada, o número que me segue, o sete.
E eu queria apenas o médio, o mais ou menos...

Talvez, quem sabe, não fosse para mim por ter sido feita para extremos...
como se nos coubesse a escolha.
Que ela existe, existe, depois que lhe entregam o traço marcado.

Alegria, alegria, alegria...

Preciso ver o mundo pelas sobras, pois foi o que restou, não o que perdi.
E, o que restou é o que importa.
Resta-me o silêncio dos vencidos,
mas, intrínseca e resistente, uma vontade maior desdobra-se

E eu respiro e escrevo 
Não sinto. Não almejo. Não traço metas
Permaneço. 


Dezembro, 10


Suzana Guimarães

domingo, 8 de dezembro de 2013


Só faltava chover, chuva de fazer barulho. Apenas isso e o cenário seria perfeito, eu, no meio dele, cheia de preguiça - o primeiro passo para a cura. Parece tudo tão absolutamente certo! Mas, na casa amontoam-se roupas pelos cantos, um vendaval passou no quarto das bonecas, as plantas imploram cuidados. Uma lista por fazer dobrou-se em duas e eu vejo tudo inquestionavelmente certo. No piscar de seu olhar, sarei. 

Eu pouco sei sobre diários... diários são meus renascimentos.


Novembro, 27

Do outro lado da mesa, ela olhou-me com ódio. Pois é, querida, eu deveria ter pensado, é isso mesmo o que você vê e bem mais, mas, não, nem pensei, fiz ar blasé e parti.


Eu disse que gostava de diários?

Onde você estiver, meus Parabéns...


Você faria 88 anos, hoje, 8 de dezembro, mas não o fez... porém, dou-lhe meus parabéns, pelo homem vitorioso e valente que foi, que ignorou obstáculos, mesmo com enormes dificuldades.

Para você, a cor que tanto gostava...

Dezembro, 8

(Foto por SCG) 

domingo, 1 de dezembro de 2013


Outro dia, escrevi que eu não conversava na América simplesmente porque não queria, e, não, pelo meu Inglês ruim. Mas, enquanto escrevia, eu me questionava, "seria mesmo?". Sim, não converso porque não quero; a resposta veio outro dia, numa festa. 

Festa de aniversário onde a grande maioria só fala Inglês e faz Jiu Jitsu... e eu perguntando-me o que faria por lá, em um lugar onde o assunto predominante seria esportivo demais... me esqueci de que também luto, deslizes em nossas hipocrisias, na minha, claro!

Meu filho sentou-se ao lado de um colega da idade dele e a mim restou uma cadeira na ponta da mesa. Do outro lado dela, um casal acomodou-se em duas e deixou uma vazia, a que estava à minha frente. Meu filho disse, "a cadeira que ninguém se sentará; será?".

Estávamos numa pizzaria brasileira, em um rodízio de pizza, pelo menos, o Guaraná, a comida e a presença do meu filho seriam o bastante, eu pensava, e contava mentalmente um relógio interno, de horas, a correr lentas e pesadas...

Chegou um colega meu, nunca havíamos conversado, sentou-se na 'desprezada' cadeira. Comeu os pedaços de pizza deliciando-se, ouviu-me, falando em Português com meu filho, começou um assunto, não me lembro o quê, disse entender Espanhol por causa do trabalho dele, disse que considerava o Português, Língua muito bonita... quando me dei conta, eu falava o meu horroroso Inglês em bom tom, errado, eloquentemente, ria, ria, esqueci que havia uma festa acontecendo à minha direita, pela longa mesa estendida. Falei tanta coisa. Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas, meu tio levando um tiro na perna, na Itália; o 'romeu e julieta' na comida mineira, a cobra Sucuri que na Colômbia chama-se Piton ou uma é parenta da outra... Liberdade, fonética, objeto direto, adjetivo, verbo e sujeito, meus estudos, a ideologia dele, o sentido que ele vê na vida... 

Sim, quando eu quero, eu falo. Apenas me dei ao luxo da dispensa, e, muitas vezes, ainda uso o recurso do "no English".

Não consigo mais perder meu tempo, não posso mais ficar tentando engolir goela abaixo gente chata, sem papo, um porre, gente dose... 

A esses, ainda cabe também o nosso querido "oi, tial!". E, fui! E, vamos! E salve quem tem cabeça para pensar e boca para falar! 

Eu disse que gostava de diários? 


Dezembro, 1