EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 24 de fevereiro de 2018


A experiência de mudar de posição em um contexto é prática que aprecio. Quando fazemos isso, a realidade é outra. Acabei de fazer uma. Imaginei um sujeito visitando o Brasil e tirando fotos de nossas mazelas, de nossas 'desgraceiras'. Sim, saí do país, mas ele não saiu de mim e nunca sairá. Não aceito provocação do tipo, você não ficou para ver. Vi, sim, durante quatro décadas. Daí, vejo a criatura postando fotos de nossas tristezas em rede social e escrevendo: " A vida é bela, A vida é boa, Sou um abençoado, Minhas aventuras, Obrigado, Deus, Mude suas prioridades...". Eu sou capaz de vomitar.
Como alguém pode achar isso belo?

Fevereiro, 24

sábado, 17 de fevereiro de 2018



1 min · 


Na data abaixo, li uma reportagem sobre a condenação à morte de um sujeito, acho que na Índia, Grécia... não sei mais. Ele negou o crime o tempo todo, durante o processo e depois, enquanto era encaminhado pelos guardas para o enforcamento. Havia uma foto na reportagem. Nela, o condenado era segurado por guardas, e, um deles entrelaçava seus dedos nos dedos dele.

Olhei aquelas duas mãos juntas por um certo tempo e então escrevi um texto na primeira pessoa do singular.



SEGUNDA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO DE 2013

LEGADO

"Um dos guardas entrelaçou seus dedos nos meus...

Ninguém me defendeu. Ninguém subiu ao púlpito e bradou minha inocência ou mera atenuação de todos os conturbados fatos da vida de uma mulher comum. Na saída da grande plateia, eram vários os homens que me acompanhavam, todos muito próximos de mim, fechando cerco à minha volta, seguravam-me pelos braços e empurravam-me à frente.

Ninguém me defendeu.

E isso se multiplicou cem vezes cem, na mais baixa das planícies, na mais alta das montanhas, na maior cidade do mundo e na mais tosca das vilas.

Ninguém tocou um passo à frente no chão, nem um grito monossílabo, nem uma carta bem ou mal redigida, nem um amor para dizer "eternamente seu". Sempre algo, um fato ou alguém entre mim e o outro, sempre um dedo apontado em riste por eu parecer não entender.

Subi ao cadafalso como um barco à deriva... meu pé a um passo do novo, um lago onde eu quase nadei, um precipício onde eu quase mergulhei, quase, quase, quase... um espelho em que eu quase me vi.

Um dos guardas, somente um, entrelaçou seus dedos nos meus."


Por Suzana Guimarães.
POSTADO POR SUZANA GUIMARÃES ÀS 11:46


Das minhas conversas...


Nas crônicas, deixo meus pontos de vista ou meus sentimentos, pois essa é a intenção da crônica. Assim é no meu livro dOloreS.

Fora delas, escrevo por vários motivos, porque sinto, porque ouvi ou li, porque alguém comentou. Já escrevi no masculino também. Mário Quintana parece ter dito que tudo o que escreveu era sobre ele. No meu caso, nem sempre. 

Não me importo mais com as interpretações. Descobri depois de um ou dois anos de blogs que após publicado o texto deixa de ser nosso e passa a ser do leitor.

Sinto até certo prazer quando leio comentários totalmente fora da minha ideia principal. Isso mostra que abri a porta para o outro pensar. Deve ser impossível conseguir que entendam tal qual pensávamos ao escrever. Cada um carrega consigo seus questionamentos, suas dores e alegrias, frustrações e sua carga de vida, daí, o leitor leva isso para o texto. O leitor lê do jeito que quer. A gente já não manda mais nada. 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018


Era um mundo muito grande e cheio de gente. 
Agora é pequeno e nele só cabe um.

Fevereiro, 13

Nunca pensei em repetir ano... mas, 2017, eu viveria novamente.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018


Precisei fazer uma busca nos meus blogs, no domingo passado. Por curiosidade também, além da imagem que eu procurava, li alguns textos que escrevi há mais de três, seis anos. O Facebook também me dá "lembranças" de alguns deles...

Eu sei que são meus, mas me esqueci de vários e em quase todos não me lembro a razão de tê-los escrito. Eu realmente não escrevo para ninguém em especial, como alguns pensam, para fazer a carapuça servir. Se assim fosse, eu saberia ao reler. Salvo, quando escrevo cartas. 

E, lendo algumas cartas, fiquei me perguntando quem seria aquele querido, naquelas em que não há a inicial do nome da pessoa.

Então, quem tem mania de achar que sou uma carapuceira poderia parar de achar. O máximo que faço é usar um mote que nunca sequer chegará até o final do texto.

Beijos 😘!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018


A minha mãe deu a dica e eu a peguei: os livros nos limpam a alma.
Voltei para esse mundo lindo, o dos livros.

Fevereiro, 7

domingo, 4 de fevereiro de 2018



O jornal publicou matéria sobre o que pode e o que não pode no carnaval; o que é paquera e o que é assédio. Li que não pode puxar o cabelo da garota se estiver a fim dela. Só por escrever isso, agora, já sinto minhas batidas cardíacas fora do prumo... Se algo assim acontecer comigo, aparta, ou melhor, não aparta, deixa o pau quebrar. Tenho sangue nos olhos, sou pequena, mas posso ser ensandecida... Em que mundo estamos? Mudou nada? O cara está a fim e puxa o cabelo da garota? 



Não posso ir para a rua no carnaval.



Fevereiro, 4

A riqueza muitas vezes não lapida.