EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 29 de outubro de 2016


Li algo mais ou menos assim, "Não se iluda, você não é mais a mesma pessoa de um ano atrás."

Outubro, 29

Para ele

Como eu era boazinha. Fingia não ver, respondia prontamente, doava atenção. Para os burros (que me perdoem os de quatro pernas, e que de burros nada têm), cheguei a desenhar inúmeras vezes. 

Em meu vasto mundo cabia muitos.

Mundo esse que continua amplo feito os céus, mas onde eu aprendi, ele ensinou-me, "Vou mostrar quem é que manda". 

Ele libertou-me muito antes de olhar nos meus olhos. E eu, hoje, liberto-o todos os dias. Mostro-lhe os ventos, as paisagens onde, para se caminhar, é necessário entender de desenhos.


Eu disse que gostava de diários?

Outubro, 29

terça-feira, 18 de outubro de 2016


Fala coisas pequenas para mim, pois as grandes sufocaram-me em eterna oração.

Outubro, 18

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Eu aprendi a me despedir. Espero que você também aprenda. 

​Não peço que se despeça do óbvio, mas sim de qualquer riso que tenha gozado; de toda lágrima que tenha escapulido, da sensação de cumplicidade e do iludido eternamente que vem nas palavras e nas carências, embutido, intrínseco. Eternamente é muito, longa palavra, longa realidade.
​ Peço que esqueça a ira e o desequilíbrio, o excesso e por ventura, alguma escassez.

Eu aprendi a me despedir, mas não aprendi ainda e nem quero aprender a cegar a minha visão e a fechar a grande janela aberta, de onde assisto ao mundo, apoiada em meus próprios cotovelos...

e sei que todas as coisas nos falam muito mais que os homens e suas matracas abertas; o pássaro que sobrevoa as torres dos edifícios; as árvores e as nuvens... até a florzinha que ninguém vê e arrebenta o solo diz-me segredos e transmite-me força. Eu aspiro os ventos como se fossem alimentos e descubro as falas ocultas.

Eu aprendi a me despedir do bom e do mau por imposição de ser...

E eu sou e sendo, sinto. 

Só não aprenda a se despedir se puder abarcar-me genuína e alegremente

quando então nem todos os ventos poderiam supor.



Nunca foram diários...​ outubro, 13.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Detalhes tão pequenos de nós...


Para ele, parece que a vida é eterna. Para mim, ela é breve. Para mim, cem anos é utopia; para ele, ilusão é um dia. ​

​Para eles, dar likes no Facebook é o mesmo que falar ao telefone. Para mim, nem o telefone basta.

Para ele, comentar algum texto é carinho; para mim, é apenas comentar, digitar, escrever, abstrair, qualquer coisa, menos amizade ou amor.

Para ela, amizade é estar na lista dos seguidores. Para mim, isso é o mesmo que nada.

Para elas, dizer as vogais significa dar o alfabeto todo; para mim, é troca social.

Para ela, responder é quando quer. Para mim, é educação, gentileza e atenção devida.

Sou um E.T., fui abduzida logo que a Suzana nasceu e morreu em sua primeira hora de vida. 


​Este mundo não é o meu.​



Outubro, 6



https://www.youtube.com/watch?v=i3AtRBlRQ-I