EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?
Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Hoje, mais cedo, ela perguntou no Facebook: se você não tivesse medo, o que você faria agora? O que você faria que não fez por medo?
Respondi: nada, absolutamente nada. Nenhuma coisa. Nem eu mesma acredito, mas é a mais pura verdade, nada!
Eu fiz tudo o que eu queria fazer. Se não deu certo, não foi por medo. O único medo que tenho é aquele saudável, normal a todo ser humano. Tirando isso, não tenho medo de nada. Nunca tive. No passado, eu tive somente uma patologia que também dei cabo dela. Sou uma pessoa vitoriosa. Sou forte por isso sou feliz, mas sou também triste porque sou forte. Entendeu?
Não temo nem a morte.
Hoje, mais cedo, perdi minha compostura. Xinguei. Reclamei. Esbravejei. Mas isso não durou meia hora. Aquela que vi em mim, eu rejeitei. Não combina mais comigo a Suzana de antes, fora de seu controle. Eu e o tempo, os dias, a vida, nós a modificamos. Sou um ser pleno, porém frio, contudo pleno, descobri o segredo!
Ah, posso voar.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
Oras...
De que adianta sucesso financeiro e ou social se não se pode transitar pelas ruas brasileiras sem um mínimo de segurança? De que adianta se não posso dirigir meu carro com os vidros abaixados, sentindo os ventos e os silêncios das noites e madrugadas, ou o frescor da manhã em uma caminhada pelo bairro sem ser importunada por alguém? De que me adiantaria um carro forte, bonito e caro se não posso estacioná-lo sem sofrer a pressão de um tomador de conta de carros ou ter que pagar valores elevados nos estacionamentos sempre pagos, nunca gratuitos, ou correr o risco da morte certa nas esquinas desavisadas?
De que me adiantaria todo o sucesso, todo o ouro se não posso ser eu? Se vejo tanta tristeza nos rostos das pessoas nas ruas, tantos buracos, remendos e impunidades?
Para que ser parte do país mais alegre do planeta se o medo é a minha principal companhia?
Prefiro a língua estranha. Prefiro a sensação constante de isolamento. Prefiro a minha vida nos Estados Unidos. Mil ouros eu daria para estar aqui novamente.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Quando cheguei na Califórnia, disseram-me que aqui nunca chovia, mas naquele ano choveu copiosamente... Em uma das nossas viagens, na fronteira entre o Arizona e Nevada, parados em um posto de gasolina, ouvimos um índio dizer que não havia chovido naquele mês por setenta anos, quando comentamos sobre os primeiros pingos de chuva no retrovisor do carro. Essa terra conta-me histórias e se debulha em lágrimas...
É triste perceber que eu nunca fui realmente de lá...
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
Preguiça de sentir, de escrever, de ser. Preguiça de sonhar. A vida pede atitude, então a gente se mexe. Nem que seja ir ao centro da cidade para comprar uma agulha ou um lápis. A minha mãe me dizia isso, ainda diz. Concordo. Mas hoje não. Preguiça de surtar. Nem isso eu quero. Vejo-me em corrida de obstáculos, vivendo de pulos. Pula isso, pula aquilo, agora não. Mês passado bateu a minha porta com notícia de morte. Isso me machuca. Penso em escrever, mas nem isso... hoje não.
Amanhã, farei bolos. Hoje não.
Sobre bloqueio em rede social
Às vezes, eu descubro, nas páginas dos amigos, que fui bloqueada. Isso acontece com todos, eu sei. Inclusive eu também bloqueio, mas eu bloqueio quando se faz necessário, quando o tempo com a pessoa fechou. Não bloqueio apenas porque deixei de ser amiga. Por isso eu realmente nem bloqueio.
Penso que quem me bloqueia sem que tenha havido invasão da minha parte ou somente porque deixamos de ser amigos o faz para não cair na tentação de me ler, de me ter novamente ou mesmo apenas de me ver.
Por Deus! Só rindo.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
Observação
A minha primeira família é pequena e bem problemática. Até aí, tudo bem. Acostumei-me com todos. Sei lidar com eles e eu os amo. O chato é assistir a quem entra nela para nos fazer mais ainda complicados, afastados e esquecidos dos tempos passados, muitas vezes duros, mas estreitos, onde nós nos cabíamos. Tem uma gente que entra para salgar a terra. Tem uma gente que salga esse meu pedaço de chão que não é pequeno.
Um filme insiste em passar onde a protagonista agora assiste. A propaganda na televisão diz que não é apenas fazer as malas e atravessar alguns países e que isso é para poucos. Alguns desistem e retornam. Essa é a minha única certeza, a de que não retornarei. É fácil ir embora, buscar o desconhecido, abraçar a solidão. Difícil é construir as vidas. Eu diria, quase reconstruir. Essa outra renascida está parada. Eu estou parada, mas esse movimento não significa retroceder, voltar atrás. Após revoluções não se volta atrás.
Assisto. Estou cansada. Pesam-me os últimos vinte anos. Sou uma velha. Entretanto, embora cansada ainda tenho forças para dizer que não acredito mais. Em quem? Em quase todos. Sou uma pessoa de atitudes e decisões. A inércia ou melhor a covardia de muitos esgotou-me. Assisto a mim mesma tão brava e corajosa. Pisei flores, saiba. Se hoje estou estacionada é porque cansei-me.
Penso em meu pai que não acreditava nesses meus momentos apagados. Ele dizia que debaixo das cinzas havia faíscas esperando bem pouco para voltarem a ser fogo. Fogo?
Não sou mais fogo, nem água. Talvez terra quando o ar fica parado.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
Depois de uma certa época e idade, eu aconselho filhos e amigos a escolheram o amor - esse, sempre e indisponível - mas, após certa idade e atropelos românticos, recomendo optar por alguém para se ter ao lado que tenha algum dia se casado, ou juntado e que tenha adotado pessoas não importando se filhos biológicos ou não, idoso, ou mesmo um apadrinhamento. Que tenha se responsabilizado por alguém amorosa ou financeiramente. A vida fica mais fácil.
Janeiro, 4
domingo, 3 de fevereiro de 2019
sábado, 2 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
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