EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


domingo, 28 de abril de 2019

Eu sou uma pessoa moderada. Os loucos que me desculpem.



A inteligência é nata. Ou é ou não é. Livros não a moldam. Livros dão conhecimento, desenvoltura na fala e na escrita, mas não dão e nem aprimoram inteligência. É igual a dirigir. Quem dirige mal no início, dirigirá mal por toda a vida, nada melhora ou piora. Talvez porque até nisso conta-se ou não a inteligência...


Pessoas que têm mente estreita me dão calafrios.


Detesto gente idólatra! 

sábado, 27 de abril de 2019


Fiquei vagando em tantas besteiras... hoje me pergunto se valeu a pena... penso que não, não valeu a pena, mas o que é que vale? Eu parecia a Alice, deslumbrada. Antes ter aberto somente portas materiais, assim creio teria valido a pena pois todas as que toquei, abertas ou não, valeram. O que não valem provavelmente são as portas que nos levam aos outros. Definitivamente, os encontros existem para serem apenas encontros e nada mais. Um esbarrão no corredor de uma universidade, um convite aceito para ir a uma festa, os encontros virtuais tão em moda, uma sala de aula... um encontro na fila da padaria, alguém que oferece carona, que carrega os livros para nós... tudo, tudo somente para ser aquilo e nada mais. Somente nossas construções valem a vida, nossos filhos na escola, o carro na garagem, as viagens, os presentes que compramos para as nossas mães, um brinde em um restaurante à beira-mar, até o sorvete de chocolate saboreado na esquina no meio da tarde da segunda-feira passada, do jeito que fiz, que fizemos, meus filhos e eu. 

As horas que passo em um aeroporto, eu sozinha fazendo compras, um livro sendo lido... as memórias de tudo que vivemos em nossas famílias, não as birras, os celeumas... mas aquele dia em que comemos massa de bolo crua com a calda que sobrou do doce de pêssego enlatado. Ou aquele outro em que o que nos restava para comer era um pacote de bolachas Maribel (é esse o nome?) batido no liquidificador com leite e a minha irmã confundiu o sal com o açúcar... e aquilo era tudo o que tínhamos para comer até o dia seguinte... num remoto ano em uma remota cidade do Espírito Santo...

Assim como foi hoje: a minha irmã e eu ao telefone conversando sobre as encomendas para quando eu for ao Brasil. Eu ri bastante com os argumentos dela. Estou rindo agora, só de lembrar. 

Conquistar, atrair, puxar papo... essas coisas apenas me desagradam. Falemos de receita de bolos!

Abril, 27.

Uma das coisas que me divertem, embora eu jamais demonstre, é saber que pessoas machistas têm filhos homossexuais.

A pessoa abre a boca para falar merdas, apenas merdas. Como consegue? Prezo a inteligência fina. Que me desculpe quem compreende o tempo todo todos os deslizes da boca que apenas emite asneiras. Tem gente que parece que fala sem pensar, que não consegue conectar fala e pensamento.

E Dom Corleone pergunta: "Por que você não me procurou antes? Por que você só me procura agora? Vá atrás de quem você procurou".

Do livro "O Poderoso Chefão".

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Obrigada senhor do Universo. Há um tempo único e ele é só seu.


Nós somos campeões!


Em Belo Horizonte, em 2007, a professora da primeira série do Colégio Santo Agostinho, disse-me que o meu filho era burro. É claro que o inferno desabou naquele colégio porque eu não sou de levar desaforos e ignorâncias para casa, e, eu disse a ele que não acreditasse nela e no colégio, mas, sim, em mim. De lá para cá, meu filho colecionou prêmios nas escolas públicas americanas. Um dos últimos foi o maior prêmio em língua inglesa da escola dele, no que seria nosso científico, mas Inglês é a sua segunda língua e a primeira de seus colegas...

Hoje, comemoro novamente. Again, again, again! A Universidade da Califórnia o inscreveu no dificílimo e disputado programa de honra dela e ele conseguiu: ganhou do Sr. Presidente bolsa integral para cursar a faculdade.

Naqueles áridos e sofridos dias em Belo Horizonte nós cantamos, entristecidos, no entorno daquele colégio nojento, “We are the champions “, hoje, cantamos novamente, felizes e muito mais vitoriosos, 

We are the champions!

Abril, 25

segunda-feira, 22 de abril de 2019


No meio da tarde, saboreávamos sorvetes na porta da Ride Aid, nós três. Naquela esquina da Second Street, embalada por música clássica, pensei no quanto a vida pode ser boa. Não sei bem por que, mas eu fotografei aquela cena na retina da minha memória. 

domingo, 21 de abril de 2019


Certa vez, um famoso cirurgião plástico em Belo Horizonte me disse: Posso fazer cirurgia plástica em você toda, mas não toco em seu nariz. Tenho um nome a zelar.
   Rindo até hoje.

sábado, 20 de abril de 2019

“Meus olhos têm o seu nome, viu? “ Seh M. Pereira


I woke up loving myself.



Eu não sigo, mas acompanho algumas pessoas que sorriem triste, que sorriem plasticamente, que sorriem pouco, que nunca sorriem apesar das quinhentas fotos nas redes sociais, que sorriem timidamente, que sorriem unicamente com os dentes, eu vejo pessoas forçosas, disfarçadas. Eu vejo pessoas tristes vendendo sorrisos feios. 

Abril, 20

Eu queria que todos os sorrisos fossem assim:



quarta-feira, 17 de abril de 2019


A pessoa é forte devido a um conjunto de fatores que podem ser elencados ou não, trata-se de um conjunto que tem suas variantes, claro, mas é um conjunto que a move: o enigma do espírito, da alma que a ciência não explica, a genética, o berço sócio-econômico, a família, os amigos, a boa sorte na caminhada, o incessante esforço, a fé, a saúde, o país de origem... Eu sei. E detesto comparações e detesto também conjugar verbos no tempo subjuntivo. Então, sabendo do exposto, digo que a pessoa é forte e ponto. É forte e merece ser feliz e se esforça para isso enquanto os fracos resmungam assim como faziam há dez, vinte, trinta anos... E isso cansa. Então, escrevo para você que é fraco. Faz alguma coisa! O mundo mudou tanto, há tantos recursos, toma remédio alopata, se não gosta, tenta a homeopatia, tenta os florais, faz ioga, caminha na rua, na praia, é de graça, ou suba as escadas e dispensa elevadores, se não tem tempo ou não pode pagar uma academia. Para de alegar motivos para não ser feliz, não ter o corpo que quer, o parceiro que deseja, a vida que gostaria de ter. Você só faz o que quer! Então, faz mais e deixa quem é forte ser feliz em paz. Para de incomodar, de cutucar, de infernizar e invejar. Assuma a sua existência! Faz igual aos americanos quando perguntados se estão bem, responda simplesmente que está bem, "I am fine". Tenha certeza disso, eles não querem ouvir um resumo das suas mazelas. Ninguém quer, nem a sua mãe e nem a sua tia de criação, nem a babá velha, nem o padre. Ninguém realmente quer porque cansa. Breves desabafos são aceitos e até queridos, mas não faz disso uma rotina. 

Para de falar se fosse eu, se fosse comigo, quando eu era assim ou assado. Você não percebe que a vida muda, seu trabalho, seu parceiro ou parceira, sua conta bancária, muda tudo e você permanece o mesmo? Não percebe? Quem é realmente o vampiro de energias? Quem se sustenta através da boa e trabalhada energia do outro? Quem só reclama e tem soluções para a vida de todos, mas nunca para a sua própria?

Convivo com pessoas muito cansadas que acordam muito cedo e cumprem várias jornadas sem reclamações... sabe por quê? Porque quem está muito ocupado não tem tempo. O tempo que lhe sobra é para deitar e dormir.

Pensa antes de falar, antes de atirar a pedra, morda a sua própria língua, deixa-a sangrando dentro da boca, mas luta para ser forte. Repito o que já disse há anos, a vida não é um passeio singelo pelos campos.


segunda-feira, 15 de abril de 2019


Na igreja ouvi um som antigo, da casa da minha avó, da casa da minha mãe: batedeira de bolo e enceradeiras ligadas porque era dia de festa e em dia de festa começava-se tudo bem cedo. A igreja totalmente vazia, alguém deveria estar trabalhando em algo que eu não saberia dizer o quê, mas eu estava lá para agradecer ou pedir, ou listar algumas reclamações, não sabia bem ao certo, só sei que aquele som vindo de longe, provavelmente da casa comunitária, cortou o embalo que tomei quando cortei três bairros para chegar lá e eu me abstraí. Fui para bem longe, para o sul das Américas, para um tempo outro onde eu não sabia que existia maldade. A movimentação das mulheres naquelas casas, seus passos, aqueles cheiros todos que anunciavam festa... 

Dei por encerrada a minha visita à igreja. As respostas se fazem à medida que queremos recebê-las. Embora tudo.

Abril, 15 

“O Brasil é um incêndio.
Vendo o JN, o desabamento de um prédio controlado por milícias, o silêncio das autoridades, o medo dos moradores vitimados, percebo que aqui a dignidade e a esperança ardem lentamente e não há heróis para apagar o fogo”.

Por Helena Terra. 

sábado, 13 de abril de 2019


(Por SCG, no movimento de dentro)


Não sei bem o que sonhei noite passada, mas eu acordei me lembrando de acontecimentos já não mais lembrados por mim, fatos ocorridos quando eu tinha dezesseis, dezoito, vinte anos... Não tenho saudades e nem reviveria se possível fosse. Basta-me saber que cumpri o caminho proposto de uma vida legal, sim, ela foi legal em todas as suas etapas. Estudei muito, beijei muito, viajei, namorei, casei-me de véu e tiara, festa para duzentos convidados e tive os meus filhos. Já fui jovem, já tive trinta anos e um corpo que me agradava. Já quase morri, já quase fali, mas em tudo fui plena, assim como hoje são os meus dias. 

Parece que pulei de lá para cá e nem vi as escolas, os carinhas, os destinos e as suas bagagens, as festas e os hospitais. O banco. A igreja. Mas vi. Mas seria exaustão qualquer tentativa de aguar a memória quase seca. 

Fica a sensação de plenitude misturada com cansaço. Cansei, ontem, e ainda me doem todos os ossinhos dos meus tornozelos, juro, meu corpo inchou, meus passos são de anciã até que por fim aprumo-me na caminhada. Foi assim de lá para cá e eu nem vi, mas com certeza eu andava enquanto machucava-me, só que agora tenho essa sensação plena de mim.

Eu não sei bem com o que sonhava...

quarta-feira, 10 de abril de 2019


Ontem à noite, ventou muito forte. Fiquei impressionada com os sons, com os barulhos das coisas sendo arrastadas no quintal, até as almofadas do sofá da varanda foram arremessadas para longe. Um dos galhos da árvore se quebrou. Ele me disse que a deusa havia chegado muito perto e balançava suas asas. 

Não duvido. Ontem foi um despropósito.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Houve um tempo em que R e eu dividíamos uma coxinha de frango com catupiry e uma lata de guaraná. A gente andava a pé nas madrugadas, pegava ônibus que demorava duas horas para chegar no ponto. Eu faria tudo novamente.

domingo, 7 de abril de 2019

Quando vou ao meu país, sou outra, levanto minhas cercas, fico de olho nos retrovisores do carro que dirijo e nos das relações pessoais, penso mais em desfazer que qualquer outra coisa aglutinadora porque meu país é a terra das gaiolas. E, quanto mais aqui vivo e para lá vou, mais aumenta meu distanciamento e mais aumentam os convites surpresas que aceito porque sou boba, porque vivo a dar chances aos outros e é um tal de vamos nos encontrar...

para simplesmente aplacar suas frívolas curiosidades, se sou mesmo feliz fora de lá, do gaiolão! Se estou com meu velho marido, conhecido, amigo, companheiro R... Lástima humana, eles e eu! Tem um apelo de certos brasileiros que me desanima e me faz querer para lá nunca mais voltar. 

Abril, 7

sábado, 6 de abril de 2019

Um poema de Fátima Amaral para a minha fotografia.


Do tempo que se fez retalhos.
Desfiaram, desfiaram ao ponto de quase arrebentar.
E os refiz, fio a fio na linha que ao vento, balança.
Na nova trama sou renda, sou rede que descansa.
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(arquivo pessoal de SCG)

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Então, porque você não viu não existiu... E onde estariam pousados os seus olhos? Acredita mesmo que eu confiaria nos pousos dos seus olhos? 

Certa vez, perguntei ao meu pai se ele havia tomado conhecimento de fatos relativos às perseguições, prisões e torturas no âmbito da profissão dele. Ele disse que ninguém havia procurado-o para pedir ou reclamar, mas que era sabido que coisas daquele tipo aconteciam, principalmente nas capitais.

quinta-feira, 4 de abril de 2019


Na Alemanha, até hoje, tem alguns idiotas que afirmam não ter existido o holocausto. Não me estranha nada essa tentativa de deturpação da história no Brasil.

Se não bastasse o presidente brasileiro tentar distorcer o que significou o Golpe de 1964, ele quer agora dar pitaco na história alemã e do mundo. O Nazismo nunca foi partido de esquerda. Haja paciência!

terça-feira, 2 de abril de 2019

De um papo com uma amiga...


No auge do que sou pouquíssimas coisas me importam e pelas outras eu sequer disfarço. Dei-me ao luxo e ao direito de falar, escrever, pensar o que bem entendo. Alcancei uma liberdade ímpar onde quase nada me prende ou ruboriza. Fiquei sem escrúpulos ou pudores. Nada me importa quando fora do meu pequeno círculo que é do tamanho de uma joaninha. Pequeno inseto que voa, porém!

Faço votos para as pessoas, às vezes, até rezo por algumas, por muitas, por mim, mas não sou deus e não gostaria de ser porque deve ser horrível ser Deus. Então, moça, então, moço, como vem a mim ou aos meus você para dizer que tracei seu destino com as suas escolhas? Foram seus passos, suas escolhas, sua cabeça com seus dogmas que fizeram o traçado. Quando você jogava na cesta de lixo buquê de flores e convites, quando tomava champanhe e fazia filhos, quando assinava ser pessoa da Justiça, você se lembrava de mim? Oras, nunca! Nem eu de você. Eu estive por longo tempo muito ocupada cuidando da minha vida para sorrir faceira assim como sorrio hoje. Eu tracei meu caminho e agora sou o próprio chão onde meus únicos dois filhos, responsabilidades minhas, trafegam, orgulhosos de mim e confiantes em si mesmos. Eu também, assim como você, errei, desisti e enganei-me, mas não delego responsabilidade a ninguém. Sou Deus quando faço minhas escolhas! Sou única!

Faço votos que você amadureça. E digo-lhe: assim como no passado a sua importância para mim tem o mesmo peso da provinha chata de Inglês em que marquei todas as respostas com a letra C. 

segunda-feira, 1 de abril de 2019


Quando meu pai faleceu, muitas verdades escancararam-se. A morte dele foi um marco em minha vida, algo que nunca imaginei. Muitos mostraram suas verdadeiras faces e interesses. Muitos se sentiram à vontade para relaxar. Em seus últimos dias, no velório, enterro e na missa de sétimo dia eu vi o que ele sempre viu.
Meu pai fez presença marcante do dia em que nasci até aqueles dias tristes de 2013... Hoje, ninguém mais sussurra para mim, ninguém consegue. Ninguém mais pode vestir uma mascarazinha...

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(arquivo pessoal de SCG)