EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?
Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Talvez seja a sua mãe, ou o seu pai, pode ser inclusive a sua amiga de infância, a madrinha, não importa quem, o que importa é que todo mundo tem alguém assim na vida, alguém que, se vier a lançá-lo ao buraco fundo estará lhe dando a última chave da prisão e você que se dilacerou por isso enquanto cravava as unhas na parede desse buraco para subir, sentirá a força que o pássaro faz no peito ao voar. Você nunca mais será o mesmo e nunca mais haverá prisão, nenhuma.
Aconteceu comigo.
(Publicado no Facebook em 29 de junho de 2020, por Lola Dot.)
"Sobre incomodar, Dário Banas, eu não vou parar".
Resposta a um comentário...
Dizem que sou linda, mas erram, embora a beleza seja questão personalíssima e por isso devemos respeitar os conceitos de feio e belo. Mas se dizem que incomodo, aí, sim, acertam! Faz parte das coisas minhas que me dão prazer, incomodar, tocar no sagrado do seu coração para você se mexer ou entender. Eu mereceria por isso tapetes vermelhos e rosas. E eu não vou parar.
domingo, 28 de junho de 2020
segunda-feira, 22 de junho de 2020
sábado, 20 de junho de 2020
Eu atualmente converso assim:
Blá-blá-blá Não me interrompa blá-blá-blá Não me interrompa blá-blá-blá Ainda estou falando...
Converso assim porque já não posso mais com as interrupções masculinas. Primeiro, porque estou falando e não dei à parte. Segundo, porque se estou falando é porque sei do que estou falando. Terceiro, porque meu marido tem doutorado na arte de interromper.
A vontade mesmo é: um soco nas fuças.
quinta-feira, 18 de junho de 2020
segunda-feira, 15 de junho de 2020
Hoje, vai ter comfort food para o almoço: cuscuz.
Esqueci de falar: dói em mim ver os formandos de colégio e faculdade fotografando, comemorando quase que silenciosamente suas formaturas. Sempre tem alguém com eles e outro dia teve festinha no meu bairro, passaram de carro, buzinando. Vestidos com suas becas e saltos altos fazem pose para o fotógrafo. No chão, ficam os papéis picados coloridos, os confetes brilhantes.
Seria uma ofensa dizer que estive feliz nesses últimos dias, mas do chão seco brotam mudas, se você tiver olhos para ver. E se tiver mesmo os olhos. E se tiver mesmo que ser. De certos solos não brota nada.
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Meu país, EUA, o segundo no meu coração e primeiro na minha cabeça, tem mais de dois milhões de casos de coronavírus e
já têm quase cento e catorze mil mortes...
"Emoção
alguns dias irão se depositar
como poeira no móvel intocado
os esqueceremos
ou pensaremos com distanciamento
como quem só sobrevoa o passado
até que, um estímulo específico agirá
como uma flecha certeira
poderá ser uma música
uma palavra, um poema
uma esquina, uma visita.
e tudo emergirá
como o clarão do sol da manhã
nos inundará com sua intensidade
a emoção nos localizará
na coordenada precisa
do acontecimento!"
Silvana Conterno
segunda-feira, 8 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
No Brasil, morre uma pessoa por covid-19 por minuto.
Exatamente cem dias após o primeiro diagnóstico.
"Parecemos plural mas somos tão singular. Penso que a humanidade é feito um universo. Somos todos planetas e cada um tem um interior. Uns regem a beleza, outros a guerra, uns regem o intelecto, outros a poesia, uns regem o supérfluo, outros o necessário. Cada pessoa é um mundo à parte. Basta entrar mesmo que superficialmente pelo mundo do outro e perceber as diferenças, os cheiros e os sabores. Somos únicos.
Sim, talvez se fóssemos iguais viveríamos na paz, mas acho que Deus quer essas troca para nosso próprio crescimento."
sexta-feira, 5 de junho de 2020
A história do menino lembrou-me outra.
A história do Miguel Otávio lembrou-me outra.
Deixei meu filho, na época com sete anos, aos cuidados da terapeuta dele, junto com ela, na sala dela. Eu sempre esperava do lado de fora porque ela pedia para o pai ou mãe não entrar. Isso foi em Belo Horizonte. Só havia eu na sala de espera.
Certo dia, decidi ir ao supermercado a um quarteirão de distância do prédio comercial onde a terapeuta atendia.
No supermercado, senti que deveria voltar e depressa.
Enquando caminhava depressa, carregando uma pequena sacola, eu quis correr, mas eu estava grávida de sete meses.
Quando cheguei na portaria do prédio, o recepcionista estava segurando a porta do elevador para mim, sentado em sua cadeira, ele esticou o braço, puxou a porta e disse, "aberta para você."
O elevador estava vazio, fui direto para o andar do consultório.
Quando a porta se abriu, vi meu filho no corredor olhando para fora da janela de vidro. Ele havia me visto atravessar a rua em direção ao prédio. E um homem velho estava perguntando para ele se ele estava sozinho.
Isso me incomoda até hoje. Estou digitando com o coração disparado.
Meu filho entrou no elevador e fomos embora.
Passei a minha vida toda fugindo de assédios na rua, passei metade dela ou mais brigando por tudo e por todos, mas naquele dia, eu só quis ir para bem longe com meu filho. Eu estava grávida e por causa de muitas confusões que estava vivendo não poderia arrumar outra. Meu filho estava bem e comigo. Muitos disseram que eu deveria ter quebrado o pau, mas eu não podia.
Fixei meu pensamento no universo e agradeci. Cancelei as consultas com a terapeuta irresponsável. Contei o fato para meus amigos que a conheciam. Nunca mais a vi, graças a Deus.
quinta-feira, 4 de junho de 2020
terça-feira, 2 de junho de 2020
Ganhei uma balinha de chocolate com maconha. Comi.
Eu nunca usei maconha porque não quis e por vários motivos, dentre eles, o cheiro da erva me dá vontade de vomitar e eu sempre vivi um mundo à parte já suficientemente pouco compreensível pela maioria. Pode-se dizer que eu nasci um etezinho ou uma pessoa quase autista. Pra que então sair da realidade?
Ontem, eu aceitei o docinho de chocolate e maconha para experimentar o tanto que ele pode ser terapêutico. A Califórnia permite.
Children, pensei que não fosse fazer efeito algum porque certas substâncias precisam ser em doses cavalares para me derrubarem, daí, pensei, talvez me coloque para dormir e isso era a ideia principal.
No quadragésimo minuto, percebi que a minha distração havia aumentado e eu nem sabia mais o que estava falando para um amigo no WhatsApp, no minuto depois, senti a ponta da minha língua adormecendo, e assim nessa sequência, senti minhas têmporas sendo pressionadas de leve, e fiquei beiçuda, como se tivesse colocado botox. Daí para frente, eu ri. Só de lembrar eu rio novamente.
Fácil dominar um povo, realmente, dê alguma droga e ele não fará resistência na beira da praia.
O efeito durou exatamente sete horas e eu fiquei com ânimo baixo na sexta hora, e dormir que era bom, nada!
Se gostei? Bom, deve ser muito legal em determinadas circunstâncias. Na minha rotina, não há espaço porque eu não posso passar horas do meu dia na brisa. Eu ri muito e isso foi ótimo, mas eu rio muito constantemente... vocês podem não acreditar, mas é, pareço aquele saquinho de riso da década de 1980.
A cidade está emitindo Toque de Recolher desde dia 31. Enviam várias mensagens por dia, alterando a hora. Desde a morte de Martin Luther King, o povo americano não fazia um protesto tão duro, longo e difícil já que estamos ainda sob restrições por conta do coronavírus. Mas tinha que ser, tem que ser. Se os bons não gritarem, os maus tomarão conta.
Assinar:
Postagens (Atom)