EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 1 de julho de 2017


Eu jamais dispensaria a riqueza, riqueza mesmo, aquele monte de dinheiro. Ricos têm problemas, claro, mas não passam raiva. Eles não se irritam porque eles podem fazer de outro jeito. Então, é claro, eu gostaria de ser rica, mas não serei, escrevendo. Escrevo por impulso e muita gente leva-me a sério até quando não é para levar; e eu rio. Se fosse antigamente (adoro essa palavra!), eu choraria de raiva ou de mágoa. Então (adoro essa palavra também!), eu posso, de forma clara e precisa - sem melindres, sem timidez, posso lhe dizer que não tenho palavras para você, em especial. Não multiplica o que eu já escrevi por nada porque eu escrevo por escrever. Claro, não sou uma monstra nas coisas do amor e da amizade, mas o que foi lançado público não é privado, é público, é de todos e de qualquer um. A escrita, amor, é promíscua.
Amo a língua portuguesa. Amo as palavras e as rimas que são até naturais, não faço esforço por elas.
Amo abrir meu coração; sentimental. Perceba, amo ponto e vírgula!
Assim sendo, tenho consciência de tudo sobre a minha escrita e a minha vida, sei que a riqueza não virá dessas palavras que lanço, e, por isso, sequer peço a Deus. Muito menos ainda, peço aos homens e às mulheres.
Assim sendo, repito, eu não esqueço ninguém, mas isso não significa - mesmo eu lançando palavras públicas - que eu tenha palavras para você, em especial. Se as tivesse, elas estariam longe dos olhos dos curiosos e dos meus fãs.
Sim! Eu tenho fãs e você aí se enquadra. A casa é sua! Puxa a cadeira e senta; toma uma dose de aguardente, ah, esqueci, você não bebe.


Julho, 1