EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


domingo, 31 de dezembro de 2023

Só o diabo saberia o motivo quando meu irmão, no cti, diante da minha irmã falecendo por insuficiência renal e cardíaca, após onze anos curada do câncer que quase a matou, me disse: você não pode usar o nome Guimarães, não tem honra para isso. Talvez ele pensasse em me deserdar para ficar filho único. Não sei, nem quero saber, no passado fomos amigos e padrinhos um do outro nos casamentos e dos filhos de cada um de nós. 

Não implico com ninguém, principalmente com meus filhos e marido porque eu cresci em meio a pessoas que implicavam comigo por tudo e por nada. Meu pai, embora irascível de nascimento por sofrer de ansiedade generalizada que ele e nós demoramos uma vida para sabermos  o diagnóstico dele, não implicava comigo e com ninguém. Meu pai vivia a vida dele, cada um na sua e eu na minha. Certa vez, ele me disse: nenhum homem tem certeza cem por cento de que seus filhos são realmente seus, e isso não me importa e eu não quero saber; jamais faria teste de DNA, mas de você eu não faria mesmo, em hipótese alguma porque você sou eu novamente, você é uma legítima Guimarães. 

A vida é singela e feliz. Procuro viver como ela quer, com singeleza e cuidados. Então, eu não implico com meus filhos, e, inclusive, ontem, passei o dia na rua para a minha filha ter momentos festivos com seus amigos, jogar os joguinhos deles e fazer biscoitos de chocolate. Ao sair, eu disse, só volto à noite, a minha casa é a casa de vocês. 

Feliz 2024 a todos!