EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

20 de janeiro de 2022. Treze anos nos EUA.

É aqui onde me sinto melhor, calma, plena, sem sobressaltos. Sozinha, sem parentes e amigos, mas de bem comigo mesma como se a minha matéria tanto física quanto espiritual fossem daqui e não do Brasil. Quando chego no aeroporto de Los Angeles, sinto o vento fino no meu rosto a dizer, "welcome my dear"!

Amo o Brasil, mas ele me enlouquece. Percebo a minha irritabilidade exarcebada, perco o sono fazendo planos A, B e C. Aqui é diferente, deixo-me levar calmamente pelo destino, não brigo mais, apenas sigo em frente.

Eu deveria continuar este texto e falar das minhas alegrias por aqui, mas não consigo, travo-me no pensamento de que a minha irmã nunca veio me visitar e agora não virá mesmo. Talvez seja tempo de eu fazer acordo com os finos ventos para que eles a tragam para mim.

Estou num hiato da vida, numa lagoa silenciosa, pensando que todos os mortos estão em algum lugar, menos ela. 

Queria que ela soubesse que faz falta, queria que ela soubesse que o lugar dela está vazio e nas lojas, as roupas que ela gostava perderam a graça. 

Nem os EUA são mais os mesmos.