EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sábado, 24 de outubro de 2020

Sobre 2020

 

Embora triste e apreensivo, confuso, causador de muitos prejuízos e transtornos, 2020 está sendo um ano bom para mim, até agora, reconheço; e espero que assim permaneça. Não me queixo, pois, de todos os anos, 2013 foi o mais triste e 2019, o pior de todos. 

2020 não me surpreendeu em suas desgraças, se caí em algumas bobagens, caí com consciência do voo e da queda, deixei-me levar, cedi às bobeiras humanas, larguei por uns dias o meu jeito preciso e quase mecânico de agir. Contudo, levantei-me da mesma forma com que caí, naturalmente, e quase achei graça. 

Em agosto, quase morri e não foi por causa de nenhum vírus, não foi covid-19, mas apenas um acidente doméstico, um pequeno erro distraído meu... mas dessas coisas de quase morte eu entendo bem e pouco dou atenção embora fique registrado. 

Fui educada e generosa com quem mereceu, fui paciente com quem amo e larguei num canto qualquer todos que não merecem sequer um pensamento meu. Sabe quando portas se fecham? Quando batem? É assim o que sinto, fechando portas que querem se manter entreabertas pelo menos... Já não tenho mais idade, e passo os meus dias ocupada em não franzir a pele do meu rosto, não quero rugas. Cuido disso. Cuido de mim, da minha família, das minhas plantas e do meu cachorro. Cuido do meu existir. Ele haverá de ser lindo de amanhã em diante e não será um ano a mais na folhinha que mudará isso. Que assim seja, amém.