EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


sexta-feira, 17 de junho de 2022

Eduardo e Mônica

Por causa do filme Eduardo e Mônica, lembrei-me que já fui a Mônica de um Eduardo. Eu tinha 19, ele, 18. Eu, de Leão, falava coisas sobre magia e meditação. Eu estava no terceiro ano do curso de Direito e ele estava fazendo cursinho para terminar o científico. Eu estudava Inglês, ele pilotava moto e só pensava em trabalhar. Ele morava no fim do mundo de Belo Horizonte, eu, num bairro classe média alta. Ele tinha complexos com nossas diferenças, e, do mesmo jeito manso que entrou na minha vida, saiu. Passei a vida cantando aquela estrofe, "Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal, não aguento mais birita...", mas me esqueci completamente dele, até dias atrás. Naquela época, escrevi um texto e enviei pelos correios porque era aniversário dele, ia fazer dezenove. Assinei Mônica. Ele nunca respondeu, mas dois anos depois, a minha irmã me diz que ligaram perguntando se era da casa da Mônica, e ela disse não, embora soubesse daquela historinha de praia que vivi. Noutra ocasião, aconteceu comigo. Uma mulher perguntava por Mônica, eu respondia que era engano, ela insistia no endereço que tinha e eu continuava negando, falei que era Prado e não Barroca. A gente tinha mudado de endereço, mas o telefone permanecia o mesmo. Daquele texto eu não guardei cópia, nada, nem memória, e também não me lembro sobre o que conversávamos. Tantas pessoas passam por nós e delas a gente esquece, mas nessa em questão ficou a historinha.