Eu disse que gostava de diários?
EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?
Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Tenho tido pequenos surtos imperceptíveis. Acho que é a idade que me deu isso, todas as minhas ideias, tristezas e alegrias amadureceram. Sou hoje uma pessoa bem mais sentimental embora não chore mais. Está bem, nos últimos quatro anos derramei nenhuma lágrima após a morte da minha irmã - nos últimos oito anos essa foi uma exceção, mas meus olhos ainda se molham, levemente, sem aquela gota que se forma e escorre... porque não dá tempo dela se formar, passa rapidamente sem que eu me esforce. Ontem, foi assim, no parque. Falei ao telefone algo triste que me aconteceu quando eu tinha dezessete anos e havia acabado de saber que havia passado no vestibular. Bom, isso foi somente tristeza, não um pequeno surto. Como eu disse, venho tendo-os, mas não mudam a minha rotina, assemelham-se a relâmpagos mentais, luzes asfixiantes. Ligeiros. Ineficientes. Nada demais. São desorganizações mentais onde passado e futuro engalvinham-se. O presente permanece intacto, não choro, não durmo mais de seis horas por dia, mas produzo muito e me emociono com tudo. É isto: a idade me venceu.
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
quinta-feira, 31 de julho de 2025
sábado, 26 de julho de 2025
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Um dia
Um dia
Você descobre que poucas coisas precisam ser feitas de imediato, para acabar no mesmo dia. Descobre que pode controlar a movimentação delas, a sacola plástica cheia de laranjas que estoura, a coisinha sumida que saiu do lugar sem que alguém tenha ajudado.
Você descobre que sair de perto e respirar talvez melhore e você volta e faz o que estava fazendo. Descobre que é importante no meio de um dia chato ou infrutífero dizer, vou bater um bolo, e, realmente fazer esse bolo; e dividi-lo; e comê-lo.
Descobre que todo mundo é realmente importante, mas não para você e sim para o mundo. Descobre que ladainhas podem salvar, podem mudar seu destino. Descobre que há um Deus vivo em você e não importa o nome dele, mas o buscará todo dia, toda hora. Percebe, mesmo a contragosto, que não há problema algum em sair de casa sem escovar os dentes, o cabelo e de chinelos de vez em quando.
O melhor amigo, você constata, não existe; você tem pessoas na sua vida, umas duradouras como o carvalho, outras, dente-de-leão. E descobre, infelizmente, muito, mas muito tarde que amar não basta. Gostar é pouco, amar é pouquíssimo. A gente caiu no engodo de relevar o coração, como se fosse ele o mais importante dos nossos órgãos, e passamos a vida desenhando corações e colocando-o em nossas relações; o mesmo para os verbos amar e gostar... hoje, priorizo outros órgãos e verbos.
Um dia você descobre que seu aniversário é data muito importante e hoje é o meu.
Suzana
segunda-feira, 21 de julho de 2025
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Eu.
Eu, no ano em que me formei em Direito na PUC, em 1988. Que bom que ainda me lembro de que sou ela, mas ela não é nem sombra de mim, ou melhor, é a sombra para eu não esquecer a vida ou andar sozinha. Eu tinha 22 anos, poucos sonhos, pai, mãe, irmã, irmão e o pequinês Choppinho.
Hoje, tenho apenas mãe. Eu tinha um namorado que entre voltas e vindas se tornou meu marido, companheiro, cúmplice, amigo e terapeuta e me deu meus filhos, meus bens mais preciosos.
Hoje, tenho mais um país e sonho com um terceiro, ou não, sonhos são apenas sonhos, a vida se faz no que faço hoje. É um movimento intrínseco, totalmente invisível passando sorrateiramente entre as obrigações, prazeres e escolhas do meu único dia, hoje. Amanhã é outra coisa, nem existe.
Vejo-me na fotografia e sinto em mim uma onda fechando no peito, silêncio profundo e a certeza de que eu teria feito quase tudo, mas quase tudo mesmo diferente.
A menina da foto sorri para mim, diz que se orgulha de mim. E isso importa.
segunda-feira, 7 de julho de 2025
sexta-feira, 27 de junho de 2025
Sobre a Juliana Marins, a moça que morreu num vulcão na Indonesia, sobre mim, e sobre você.
"Todo esporte de risco é assim mesmo".
"Faz parte do passeio poder morrer".
"Não sabe brincar, não desce para o play".
Se você não consegue se consternar ao ver a imagem da Juliana Marins viva, sentada no vulcão, mexendo na sua pochete, encolhida de dor, medo,frio e fome... e, sabendo o que todos nós sabemos, que ela estava a caminho da morte, você precisa procurar tratamento psicológico, psiquiátrico, terapia, qualquer coisa porque você tem algum transtorno de personalidade sério, e, se não for isso, você deixou de ser humano faz tempo.
"Faz parte do passeio poder morrer".
"Não sabe brincar, não desce para o play".
Se você não consegue se consternar ao ver a imagem da Juliana Marins viva, sentada no vulcão, mexendo na sua pochete, encolhida de dor, medo,frio e fome... e, sabendo o que todos nós sabemos, que ela estava a caminho da morte, você precisa procurar tratamento psicológico, psiquiátrico, terapia, qualquer coisa porque você tem algum transtorno de personalidade sério, e, se não for isso, você deixou de ser humano faz tempo.
quinta-feira, 26 de junho de 2025
Já nem me lembro mais...
Já nem me lembro mais de quando eu permitia tréplicas nas minhas conversas escritas. A idade, o tempo, a vivência, a distância e a solidão nos presenteiam com a fineza de parar a conversa nas réplicas. Faz um bem danado não estender conflitos de entendimento ou de interesses. Dispenso tentar convencer o que é contrário a mim, anseio por sossego e isso é o mínimo que devo a mim. Junto com os sapatos e roupas apertados venho dispensando cada vez mais as pessoas que me oprimem com falatórios. Sequer leio o email, a carta, a mensagem, o comentário e nem os deleto, deixo-os lá com as traças.
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