Pai, todo fim de tarde, quando a terra começa a perder o calor e os pássaros ensaiam despedidas com seus barulhos de que está tudo bem e agora vamos dormir, eu o ressuscito. Sinto-o presente no quintal, posso percebê-lo quando abro a torneira e estendo a mangueira de borracha para molhar as plantas, o cimento, as pedrinhas, assim como você fazia naquele seu jeito espalhafatoso. Agora, tenho um cão também. E ele segue meus passos, mal imagina ele que estou tantos e tantos anos para trás, diante do meu presente, replicando você.