E. veio me visitar de lá longe da cidade dela e presenteou-me com inúmeros vasos de plantas e alguns presentes guardados desde dois anos atrás porque a gente pouco se encontra. Ficamos conversando na frente da minha casa. No começo, eu nem abri a porta direito. Fiquei igual a um jacú olhando-a pela fresta da porta por onde passam cartas, encomendas... Mas pessoas distraídas têm seus momentos de lucidez e visão, então eu saí. Só mais tarde percebi que ela estava o tempo todo de máscaras e eu não. Depois chegou a vizinha da frente também de máscaras para presentear-me com gigantes suculentas. A vizinha se foi e E. e eu continuamos a tagarelar aos gritos. Só depois também percebi que falávamos aos berros. Meus vizinhos devem pensar, ah, coisas de latinas! Tenho dois sofás mais para dentro da varanda, mas pessoas distraídas quando decidem não focar, não focam. Não os puxei para fora, espaço tem. Eu também não podia tocar em mim mesma porque as minhas mãos poderiam estar virulosas, mas era a morte sentir minha calcinha boxer vermelha da Lupo novinha mas sem lycra descendo pela bunda dentro da calça jeans e uma das alças do sutiã também escorregando. E. também não podia coçar o próprio nariz. Ela se foi e eu comprei um kit de cadeiras de jardim do colega do meu marido e fiz agora a minha nova sala de visitas. Volta, E., vamos comer biscoito de polvilho assado e tagarelar, detalhe, sentadas!