Imagem: desconheço autoria |
E os dias passam, e o calor, o ardor, a pressa. E passam pessoas do outro lado da rua e eu nem as vejo, passa o passado, em sonhos cansativos, contra os quais, nada posso. Assim como não posso ultrapassar os meus limites, não, eu nunca pensei em cavar linhas permissivas, divisórias em minha vida... mas, cavei. Vê aquele ponto ali? Vê aquele fio de rio que passa? Por ele, você não passará.
E os dias passam, mas eu continuo naquela janela, olhando aquela igreja em meio ao rosa e azul.
E permaneço bem perto dela, mesmo que ela não me sinta, não me saiba, não me veja. Para ultrapassar o fio de rio, você precisará da permissão dela. E ela está para poucos amigos, assim como também estou. Ela é a minha mãe.
Com a doença do meu pai, com o constante pedido nosso por doadores de sangue, pelas omissões, pelas noites seguidas em hospital, pela falta de visitas, o que antes era certeza, hoje, tornou-se máxima. Meu pai nunca gostou de festas, mas elas sempre existiram e sempre houve gente passando por lá. Hoje, o vazio dos outros marcou. Melhor chamar pra festa, resultado positivo, casa cheia.
Protejo-me debaixo das folhas secas que caem, aqui, é outono. É pouco, mas é tudo que tenho e bem melhor do que você quer me ofertar.
Setembro, 23