Eu agora acredito que a vida é somente isto, um constante ocupar-se. Enchendo a vida, o corpo transborda. Não é bem aquela coisa que eu imaginava, alguns encontros de amor, sucesso e sorte. Pouco importa se há sorte ou não, a gente abarca tudo, problemas, soluções, com vontade, por inteiro, com corpo e mãos, sem firulas. Pouco importa também se há sucesso. Depois de certa idade, sucesso é cumprir as tarefas do dia e amor é estar disponível, junto, sem implicâncias e acusações - parece que mais um comentário nocivo e vamos nos implodir. A gente quer sossego e ocupação, essa é quase imperiosa, faz-me levantar pelas manhãs e de imediato vestir-me, de forma sempre pronta até à noite, à disposição de quaisquer acontecimentos. No fim de tudo, talvez, fica o que compartilhamos ao nos ocuparmos, como herança a quem esteve junto.