Eu não choro mais. A última vez foi em outubro de 2017, quando fiz minha última cirurgia. Chorei porque me senti fraca, tive medo de morrer, tenho filhos muito novos. Chorei de cansada. Ótima saúde, mas várias passagens por hospitais. Chorei também de dor. Até então nenhuma dor foi tão dilacerante. Mas eu não choro mais. Brotou no meu peito uma rosa dura. Ajo. Faço o que o momento exige e só. Ainda sinto amor. Ainda sinto inúmeras alegrias. Ainda sou feliz. Entendo as pessoas que choram. Respeito. Talvez eu sofra junto, mas eu não choro mais. Isso não é motivo de orgulho. Isso me entristece. Isso me distancia um pouco do elemento humano em uma coletividade. Parece que certa luz se apagou.
Agosto, 10