A minha melhor companhia sou eu mesma. Desde criança, lido bem com meus "eus", trato-me bem, cuido-me, inclusive nos maus momentos.
Então, meus dias são felizes? Nem sempre. Insisto (adoro escrever na primeira pessoa do singular e isso cala a boca dos chatos que palpitam sempre contra) em seguir o que a mim foi transmitido ou ensinado como certo fazer. Melhor suportar determinados comportamentos que não admiro, muitas vezes dirigidos a mim de forma direta ou não dirigidos, mas que não aprecio, não gosto.
Eu poderia escrever "eu insistia"porque na última década, eu fui mudando até me tornar esse ser meio agradável, doce, mas intolerante, duro e forte. Tomei muitas decisões sentindo o gosto do fel na boca porque tinha que ser eu ou então não era ninguém.
Não posso mais tolerar pessoas que me provocam com palavras más ou irônicas, que me espetam por causa do meu marido, dos meus filhos, do meu corpo e cara, do meu cabelo, dos meus óculos exóticos, do meu eterno bom humor com risadas constantes, da minha fome de vida que poucos têm. Não posso seguir a velha tradição de suportar ou fingir demência porque é parente, é irmão ou irmã, é aparentado, porque é vizinho, porque um dia me emprestou alguma coisa (eu costumo ser oriental, sempre retribuo uma cumbuca de arroz com outra). Eu não preciso disso, a minha idade e a minha atual situação amorosa, maternal, econômica e residencial desenham meu 'status' com perfeição.
E sem essa gente, eu sou feliz e serei se mantiver cuidado com as aproximações e evitá-las. Sou plena em minhas virtudes e defeitos. Na hora má, na dificuldade, no desespero, tenho quem me honra e tenho sempre a mim.
Obrigada. De nada.
Suzana Guimarães