Eu poderia continuar pensando e escrevendo sobre homens e mulheres mentirosos, hipócritas e invejosos; sobre pessoas vendidas por muito pouco, sobre pessoas que fabricam verdades à medida que precisam justificar suas vidas mal sucedidas. Eu poderia contar a verdade sobre aquele fato ocorrido há mais de trinta anos, mas a verdade, aquela baseada em fatos, não é merecimento de todos. Nem todos podem sentir as benéfices que ela proporciona. Há pessoas que vieram para coadjuvar. Sucesso não é para amadores. A vida não gosta de amadores. Ela cobra caro todos os nossos atos.
Eu poderia continuar, mas meu bairro está lilás. Fascina-me caminhar pelos Jacarandás em flor!
Moro em um deserto onde rosas nascem em cachos, em profusão, o ano todo, e muitas delas estão nas calçadas, e ninguém pisa.
Ontem, doei cinco sacolas de cem litros cheias de roupas, sapatos e cosméticos para a Breast Cancer Solutions Foundation, que deixei no gramado do jardim da frente da minha casa. Eles pedem para fazer assim com um bilhete para eles preso a uma das sacolas porque passarão para buscar entre o amanhecer e o anoitecer, faça chuva ou sol. E ninguém pega.
Se arredondo para mais uma conta que estou pagando para evitar os centavos, as empresas restituem o valor pago a mais via cheque pelos Correios. O valor do selo da carta é maior que essa devolução. E ninguém acha estranho. E ninguém fala que ser honesto é virtude porque isso é obrigação.
Ontem, meu filho recebeu prêmios no colégio. Todos os dias nós somos vencedores sem precisar do suporte financeiro de outros. Vivemos o que temos e somos felizes e livres.
À noite, quando nos deitamos para dormir, nada nos incomoda.
Eu poderia continuar a pensar em quem não merece uma fagulha de meus pensamentos, mas estou em festa. Hoje é dia de festa. Amanhã, também!
Maio, 30