Quem anda por este deserto, sabe de mim. Meus colegas também sabem de mim. Sumi das aulas de Inglês, larguei o jiu jitsu, estou comendo salsicha em lata como se fosse nutritivo, meu sono aumentou, e também o meu cansaço. Hoje, eu apareci por lá, esqueci de levar minha pasta com livros e cadernos. Pedi desculpas ao professor, ele não se importou, sorriu. Na saída, dois colegas pararam para perguntar como eu estava. Eu falei da geladeira que pifou. Falei também da minha solidão, xinguei o técnico que está enrolando. No estacionamento, encontrei-me com Mrs. M., não nos víamos desde junho passado. Desci do carro para falar com ela. Dizem que os americanos são frios... pois, de cara, ela me deu uns três abraços, após minhas tristes notícias, mais uns três ou quatro. Não tem povo ou raça fria, tem gente fria, é diferente.
Dias atrás, eu disse que não queria que meu luto piorasse e nem melhorasse. Eu disse a ela que ele piorou. Ela tirou os óculos escuros, olhou-me nos olhos e disse que sim, sim, com o tempo, piora. Que eu me fiz forte por causa da minha mãe, que eu precisava suportar a viagem de ida e volta.
Agora, leio sobre desertos dentro de nós. Há um em mim e eu gostaria de pedir para ninguém nele caminhar.
Novembro, 5