Quantos livros eu abri neste ano? Quantos deixei para lá? Quantos fechei sem ódio, apenas indiferença ou esquecimento mesmo, borracha em todas as linhas? Qual foi o marcador mais resistente? Qual a capa enganosa? Qual o conteúdo falso? Qual história irritou-me? Qual enredo ficou mal feito e assim se desfez? Quantas folhas saltei? Nenhuma. Quantas expressões registrei no espelho, diante desses livros? Todas, as de todas as estações possíveis, primavera, verão, outono e inverno... e outras mais, que inventei, nos dias cinzas da minha cidade, nos dias de maresia, nos voos cegos, nas recusas, nos cuidados com o meu pai, diante do olhar da minha mãe, em frente a um corpo apetitoso, diante de um prato de ambrosia. Não sou mulher de única estação: enfado.
Eu disse que gostava de diários?
Eu disse que gostava de gente que inventa dia para ser gente?
Outubro, 11