Apesar de detestar conversar ao telefone, eu ligava, sim, todos os dias porque eu queria agradar, compartilhar, e, principalmente, entreter. Sempre tive vida cheia e agitada, mas eu tinha tempo porque eu queria. Eu fazia por amor, nunca foi por dependência. Ah, sou um pássaro livre! Sou um corvo! Além da cor e dos voos, retribuo amor. Então, telefonar todos os dias ou quase era assim, como os corvos, a minha gratidão, meus presentinhos com brilho - e foram tantas as conversas, alegres, tristes, esperançosas, irritadas, bravas, de alertas, e era o que eu podia dar devido à distância.
Eu só queria amar e ser amada.
E dizer que eu não vejo cifrões em pessoas, nunca, e dizer que é triste viver pensando assim, pensando ser sinônimo apenas de dinheiro, como era repetidamente dito a mim.
Eu não queria telefonar. Nunca quis.
Outubro, 31
* Não tenho mais idade para um certo tipo de desapontamento.