Um desenho quase feio que me trouxe decepção e nostalgia. Eu já tinha me esquecido. Pessoas falavam ao meu redor, estávamos felizes, satisfeitos, mas o desenho feio lembrou-me cidades que já percorri e não percorro mais; destino, coisas da vida - ele insiste, “Faz parte”. Esse fazer parte arrastou-me a esse desenho feio, terra morna... as belezas viriam apenas mais tarde. Pichações, ruas esburacadas, calçadas quebradas, cheiro de mijo, viadutos abandonados... cães dormindo nas sarjetas. Pensei ter errado a cidade, era madrugada, eu, totalmente outra, quase não acreditei. Faltava largar as percepções e deixar-me levar pelo táxi alugado ainda no aeroporto.
Cada quilômetro vencido, gosto mais amargo na boca.
Cheguei estranha, me vi mais forasteira ainda em minha terra. Esse negócio de nos refarzemos em terras distantes é cruel. Não dá para ficar na ponte aérea. Por isso, o exílio forçado. Ele falou também em vida de ermitão. Isso eu tenho aqui, nesse desenho quase feio. Minhas raízes correm comigo, vão aonde vou.
Presa em casa por vontade própria, espero o tempo consumir-me, fazer-me ver a parte bela desse desenho feio.
Julho, não sei que dia é hoje.