Duas mudanças de endereço em um ano. Hoje, relembro cenas, só isso ficou. Relembro as caixas, a procura, a confusão, um certo nervosismo controlado, o retorno ao ansiolítico para dormir, a certeza de que não tenho visto a vida passar porque ela voa, um avião desgovernado, um carro sem freios.
Paro, hoje, como são belas as minhas mãos! Há tempos eu não as via. Nem via roupas, sapatos, o carro trocado às pressas... sempre tudo às pressas.
É verão aqui. É inverno lá. Proponho-me a levantar-me e preparar-me... só de pensar isso cansa.
Prefiro olhar as minhas mãos. Contemplá-las.
Julho, 4