Eu, no ano em que me formei em Direito na PUC, em 1988. Que bom que ainda me lembro de que sou ela, mas ela não é nem sombra de mim, ou melhor, é a sombra para eu não esquecer a vida ou andar sozinha. Eu tinha 22 anos, poucos sonhos, pai, mãe, irmã, irmão e o pequinês Choppinho.
Hoje, tenho apenas mãe. Eu tinha um namorado que entre voltas e vindas se tornou meu marido, companheiro, cúmplice, amigo e terapeuta e me deu meus filhos, meus bens mais preciosos.
Hoje, tenho mais um país e sonho com um terceiro, ou não, sonhos são apenas sonhos, a vida se faz no que faço hoje. É um movimento intrínseco, totalmente invisível passando sorrateiramente entre as obrigações, prazeres e escolhas do meu único dia, hoje. Amanhã é outra coisa, nem existe.
Vejo-me na fotografia e sinto em mim uma onda fechando no peito, silêncio profundo e a certeza de que eu teria feito quase tudo, mas quase tudo mesmo diferente.
A menina da foto sorri para mim, diz que se orgulha de mim. E isso importa.