Ontem, eu queria dizer que o luto é um cavalo sem arreios, faz o que quer, aparece quando quer no infinito das ideias da alma. Hoje, transplantei algumas suculentas que pareciam morrer porque toda planta que para de crescer está morrendo e eu esqueci ontem.
Esqueci porque cultivar, cuidar, plantar, tratar o verde nos dá a sensação de que vale a pena todo esforço, e que amanhã provavelmente a plantinha vai agradecer, embelezar-se e dar flores ou frutos ou tão somente a sensação de vida.
Ontem, hoje, faz tempo que a vida, a minha vida virou um embaralhado. Esse luto de agora revelou-me que para tudo há um tanto faz. Tanto faz estar feliz ou triste, estar correndo pelos campos ou preso ao chão por raízes. Tanto faz você e eu. Tudo é cíclico. Tudo tem cheiro de terra. Apenas não queremos ver.