Melhor entregar-me novamente. Era 16 de agosto e eu falei bastante. No dia seguinte, bateu-me violenta dor de garganta. Dizem que se não falarmos a garganta adoece... pois, falei, falei, meus cabelos pesavam-me às costas... Falei e adoeci. Até hoje não me recuperei. Qualquer tentativa de vida prostra-me! Os remédios não estão funcionando. Não falei tudo? Foi isso?
Talvez não tenha falado... um oceano não cabe num rio...
Não cabe em mim o que me mata.
O homem não perdoa o menino, e, por isso, o menino esperneia no corpo do homem envelhecido. E o menino tem medo. Não sei quem ganhará essa luta. Dei a mão ao menino, estendi minhas asas, falei para ele, fala, fala, não tenha medo... Talvez, amanhã, sua garganta adoecerá.
Um oceano não cabe num rio... o menino não se cabe dentro do homem envelhecido que carrega um barril e uma agenda.
Cabe nele tudo o que o mata.
Eu não gosto de diarios. Eu gosto de outras coisas.
Setembro, 6