Você pensa em mim com certo rancor, mágoa, sei lá, eu apenas sinto. Você sofre a ilusão da gaiola, imagina conter tudo em suas mãos largas e fortes, mas, meu bem, você desconhece a estranheza, o estar em tudo e em nada, a ignorância do que dizem. O que dizem? Pouco importa, mas é o mesmo que navegar em mar aberto sem bússola, água e comida - ah, porque há muita fome e disso eu entendo que você conheça -, é voar em céu sem pouso. Você não me alcança nem que eu falasse todas as línguas. Você não me alcança porque, enquanto falo, você pensa na resposta.
Maio, 31