Espero algumas horas e irei me assentar. Essa decisão cabe a mim e só eu posso fazê-la acontecer. A locomotiva sem paradas, fumegando pelas estradas, herança do meu pai, decidi parar. É preciso pausas. Ninguém as vê porque acontecem na surdina. Quem viu a flor do seu jardim abrindo-se? Pouquíssimos. Talvez, um, empunhando sua câmera fotográfica. A verdadeira existência é um conjunto de pausas e toda locomotiva tem que parar n`alguma estação para que tanto motorista quanto passageiros possam mudar o ritmo. Quando se dirige por longo tempo, em alta velocidade, pelas estradas, e para, dá para sentir: seu corpo continua acelerado - e você nem correu, sua mente está muito além de você, até suas mãos tremem, ansiosas. Viver não é estar o tempo todo em velocidade, mesmo que seus desejos mal caibam em si.
Fevereiro, 17