EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


domingo, 16 de maio de 2021

quando o outro também conta a nossa história...

Eva Wilma faleceu hoje e não foi por covid-19, mas, sim, por causa de câncer nos ovários... Ela representa a minha história, é minha tia, prima, velha conhecida, linda, linda em Mulheres de Areia, parece o parente dos mais queridos. 

sábado, 15 de maio de 2021

 

Nesta pandemia, criei o péssimo hábito de descansar xeretando o Instagram. É claro que não creio nas eternas felicidades lá estampadas, montagens de fotografias perfeitas de uma rotina e vida perfeitas entre expostos relacionamentos também perfeitos. Hoje, meu amor eterno, amanhã, foi abuso ou nos tornamos grandes amigos. Mas pior que isso, bem pior, para mim, é a existência daquela pessoa que vive de likes e seguidores, e que, por essa única razão, precisa publicar lives, stories e posts diários sobre si, sobre si e seus filhos, seu amor, seus pets, sua mãe, seu pai, a empregada, na banheira sozinha ou com eles, na cozinha, escovando os dentes no banheiro, no aeroporto, chupando picolé, pendurados nas asas do avião, chorando, desabafando, correndo na orla, pintando os olhos, segurando o celular numa tentativa de ângulo perfeito, mostrando orgulhosamente a passagem pelo quarto do hospital, bumbum de fora no avental hospitalar, touquinha na cabeça, viajando pela décima vez pras Malvinas, exibindo a suvaca cabeluda. Assim, 24/7, e os doidos, ah, os doidos, presos nos manicômios.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

 

"Não é o tempo do Teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros".

Por Dário Banas.

“Por trás de todo paladino da moral, vive um canalha.” (Nelson Rodrigues)

terça-feira, 11 de maio de 2021

Gael

 

Outra criança linda morta pela mãe, linda porque toda criança assim é. A tia-avó, no cômodo ao lado, assistindo tv, nada viu, nada ouviu como se espancamento não fizesse barulho. O mundo seria melhor se nele houvesse menos pessoas omissas. 

Gael, você se libertou, anjinho, deste mundo feio.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

 

Quem tem razão em primeiro lugar? 

O cliente.

Quem tem razão em segundo lugar?

O cliente.

Quem tem razão em terceiro lugar?

O cliente.

Por quê?

Porque se ele for embora, nunca mais volta .

Isso importa?

É ele quem faz acontecer o seu salário.



domingo, 9 de maio de 2021

 

"Pela primeira vez na história, a sobrevivência física da humanidade passou a depender de uma radical mudança psíquica da pessoa. [...] Se desejarmos aprender a amar, teremos de proceder exatamente da mesma maneira com que aprendemos qualquer outra arte, como a música, a pintura, o artesanato da madeira ou a arte da medicina ou a técnica."

Erich Fromm

"Mãe é emprego 24 horas. Sem férias, sem salário, sem atraso".

Por Symone Mota 

terça-feira, 4 de maio de 2021

 

A babá amenizou as torturas do verador no segundo depoimento ao delegado; um sujeito matou com facão criancinhas e professoras numa creche; Bill Gates está divorciando após união de 27 anos; dona Hermínia está com quadro de saúde irreversível; o jornalista mandou o advogado tomar no c... em rede nacional; a mulher que recebeu o coração de Eloá morreu de covid-19.


A gente dobra a esquina para ver um jacarandá em flor, mas os dias atuais não são para jacarandá em flor.

Vai, Deus, me ajuda, eu sou a Juliette e Você é a minha torcida.

domingo, 2 de maio de 2021

"Eu não sou a sua empregada!"

Eu costumava ir a casa deles. Sentados à mesa da sala de jantar, o motivo de riso da família era um deles pedir ao outro algum favor, servicinho, ajudinha, o que eu chamaria e chamo de pequena gentileza. Era pedir para ouvir, "Eu não sou seu empregado."
Eu não ria. Não ria porque não achava a mínima graça naquilo. Eles riam como se aquilo fosse a maior piada e a mais engraçada do mundo. 

Servir alguém nunca me diminuiu. E também nunca me aumentou. Nunca fez a mínima diferença para o tamanho do que sou e me entendo. É um ato como outro qualquer; banal.