EU DISSE QUE GOSTAVA DE DIÁRIOS?

Fotografia, Suzana Guimarães
Data: Junho de 2020


domingo, 14 de fevereiro de 2021

 

Meu filho teve aulas particulares de matemática aos oito anos de idade, em Belo Horizonte, com uma mulher que trabalhava em um colégio famoso da cidade como conselheira no período da tarde. Pelas manhãs, ela ensinava matemática em casa. Essa mulher foi extraordinária tanto em matemática como em incutir na cabecinha dele que era preciso ter um caderno bem arrumado, ter organização, horário, enfim, disciplina. 

Na penúltima aula dele, eu tinha que fazer o pagamento das aulas e por isso subi até o apartamento dela. Eu também queria me despedir e agradecer e resolvi descer do carro e encontrá-la pessoalmente, ao invés de enviar o cheque através do meu filho.

O marido dela conversava aos berros ao telefone na sala de visitas que era ao lado da sala de jantar, onde eram as aulas. Ao chegarmos no carro, comentei com meu filho o absurdo daquela situação, um sujeito berrando, atrapalhando a aula. Ele me disse: assim é todos os dias. 

Hoje, eu me lembrei dela e pensei: espero que já tenha largado aquele marido.


Fevereiro, 14