Saudade daquela viagem, das estradas, do pó, da chuva, das inúmeras brigas; do caminho, do que eu sentia, do que eu esperava, do que encontrei. Saudade daquele povo estranho de olhar desconfiado que me lembrou o meu próprio, encravado naquelas montanhas daquela terra também úmida; saudade da moça teimosa do GPS, dos hotéis, da falta de sentido sobre o que é tempo além do exigido pelo sono e pela fome. Pelo cansaço. Saudade de ser minha por horas, por dias. Saudade de contravencionar. Saudade do momento exato em que torno-me um ser único, independente, sem pai, nem mãe, sem passado e presente, que acontece a partir da vigésima hora.
Não tenho pena dos andarilhos. Tenho dó é dos enraizados!
É assim quando se pega a rota pela terra.
Abril, 2016