Artificial demais, chega hora que cansa. Abri a janela do quarto. Puxei as cortinas para sentir o vento fino e frio que o dia carrega e lembro-me então de que ouvi dizer, "Só na beira da praia, só na beira da praia"... Deixaram de enxergar, faz tempo! Deixaram de sentir, faz tempo! Vento frio e fino e barulho alto de avião que passa, tão alto, tão alto, que faz baixar em mim nosso último olhar, naquele aeroporto, um segundo antes de eu virar as costas. E dizem que há espaços específicos. E dizem que tempo se conta.
Suzana Guimarães
Maio, 20